domingo, 5 de agosto de 2018

MIKIMOTO - REI DAS PEROLAS



Conhecido como “Rei das Pérolas”, Kokicho Mikimoto nasceu na cidade de Toba, atual província de Mie. A família possuía um pequeno negócio de udon (esparguete com caldo japonês)  sendo o filho mais velho,  estava destinado a continuar com a atividade dos seus antepassados. Foi apenas na casa dos 30 anos, já casado e com filhos, que Mikimoto se interessou por pérolas , mais especificamente pelas experiencias para a criação de pérolas cultivadas. Contemporâneos de Mikimoto, o biólogo Tokichi Nishikawa e o carpinteiro Tatsuhei Mise descobriram, um independente do outro, a base da cultura de pérolas, que era a inserção cirúrgica de um núcleo de metal dentro de uma ostra, para que ela forme uma pérola com a lenta liberação de uma secreção que cobrirá o núcleo. Nessa época (final do século XIX), embora se conhecesse a base do processo que forma a pérola dentro de uma ostra, não havia um processo que efetivamente permitisse o cultivo de pérolas de qualidade em quantidade.

Determinado a criar o processo de cultivo propriamente dito, Mikimoto fez experiencias durante anos, para encontrar desde o material mais adequado para o núcleo até o local mais adequado para as ostras ficarem no mar. Na base da tentativa e erro, ele usou de tudo: areia, barro, madeira, vidro e metais como núcleos. Perdeu anos de trabalho com a praga da maré vermelha, uma doença que mata ostras aos milhões. Endividado, Mikimoto chegou a ter de ir trabalhar em Hokkaido para ter dinheiro.
Tanta obstinação gerou frutos. Mikimoto acabou obtendo os melhores resultados com ostras enxertadas com núcleos feitos de conchas de mariscos americanos, e na costa de Toba encontrou o melhor local para o longo repouso das ostras, que precisam estar vivas para produzir pérolas. A primeira “colheita” de Mikimoto foi de cinco pérolas de boa qualidade para 800 mil ostras enxertadas, ainda assim uma média mais alta que a natural, de uma pérola para cada milhão de ostras.


Mikimoto abriu a sua empresa em 1893. Além de aperfeiçoar o cultivo de pérolas, ele investiu no ramo joalheiro, enviando funcionários à Europa para aprenderem a confecção e design de jóias. Em 1907, Mikimoto abriu a sua primeira joalheria em Tokyo, e em 1911, a primeira filial no exterior, em Londres. Hábil homem de marketing, Mikimoto promoveu as pérolas japonesas no exterior expondo grandes estruturas, como a réplica do Sino da Liberdade dos Estados Unidos, e representando personalidades com as suas criações, como o inventor Thomas Edson. Mikimoto cunhou a frase “meu sonho é colocar um colar de pérolas no pescoço de cada mulher deste mundo”.

Antes da Segunda Guerra, Mikimoto possuía filiais em Londres, Nova York, Los Angeles, Xangai, Bombaim e Paris. Com a Guerra, foi obrigado a fechar as filiais e nos duros tempos de reconstrução, mesmo com idade avançada,  voltou a enxertar e cuidar das ostras com as suas próprias mãos. Em 1954, Mikimoto faleceu aos 96 anos, tendo reerguido a indústria das pérolas que ele mesmo criou. A esposa, Ume Mikimoto, sua principal colaboradora e mãe dos seus cinco filhos, faleceu antes de ver o sucesso do marido. Além de trabalhar, cuidar da casa e da família, Ume participou ativamente do longo e complexo cultivo de ostras, fato este que Mikimoto fez questão de lembrar divulgar durante toda a sua vida.

Mikimoto é um divisor de águas no que se refere a pérolas. Com ele, criou-se efetivamente a pérola cultivada, o que tornou uma jóia rara acessível no mundo inteiro, embora as pérolas continuem a ser caras e belas. Atualmente, todas as jóias adornadas com pérolas são do tipo cultivado e embora haja hoje pérolas cultivadas de outras partes do mundo, Mikimoto tornou a pérola um sinonimo de Japão.

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