sexta-feira, 12 de abril de 2019

CERÂMICA JAPONESA


A porcelana oriental sempre foi vista pelos ocidentais com grande admiração, tornando-se inclusive, um símbolo de status. Essa admiração fomentou um intenso comércio entre os dois lados do planeta em épocas passadas, intensificando as idas e vindas de embarcações, com esse e outros produtos igualmente valorizados.
As invasões da Coreia realizadas no final do século XVI pelas tropas do líder militar Hideyoshi Toyotomi, que então dominava o Japão, possibilitou um contato directo dos nipónicos com a excelência da cerâmica coreana, que já era apreciada neste país pela técnica superior de fabricação, em especial, a delicada vitrificação.


O chefe feudal Nabeshima, que também participara da invasão, forçou o mestre coreano Ri Sampei e o seu grupo de ceramista a vir ao Japão exercer a sua arte. Conta-se que o mestre coreano descobriu um grande depósito de caulim (argila branca) na montanha Izumi, na cidade de Arita, da atual província de Saga, e a partir desse momento começaria pela primeira vez a produção de porcelana branca no Japão, que logo passou a ser comercializada para os outros clãs feudais e também a ser exportada para outros países.


Essa produção era escoada pelo porto de Imari, próximo à região fabricante e, por essa razão, a porcelana de Arita passou a ser denominada em Imari. Já as procelanas de Arita produzidas no século XVII e XVIII são especialmente chamadas de Ko-Imari (Imari Antiga).


Durante muito tempo o Japão manteve fechado o seu comercio com outros países, a partir de 1653, apenas a China e a Holanda mantiveram intercâmbio com o Japão através do porto de Dejima, em Nagasaki, o único ponto em todo o arquipélago que estava aberto ao contacto com estrangeiros, ainda assim restrito a esses dois países.
Foi por ali que uma enorme quantidade de porcelana de Arita foi exportada para o Ocidente através da Companhia das Índias Orientais Holandesa, que trazia especiarias e retornava com cerâmica e outros produtos orientais muito apreciados, como por exemplo a seda.


A partir de meados do século XVII, as disputas internas durante o final da dinastia Ming criou dificuldades para manter relações comerciais com a China e foi então que se intensificou a importação da porcelana de Arita. Calcula-se que cerca de 2 milhões de peças foram produzidas pelos artesãos da pequena cidade japonesa exclusivamente para serem exportadas para a Europa e outros países.
O que elas possuem como característica diferencial é que foram produzidas como modelo de exportação, isto é, com padrões de forma e estilo de pintura de acordo com as encomendas feitas pela companhia holandesa, de modo a agradar os gostos requintados da nobreza ocidental da época. São, justamente, algumas dessas peças exportadas para o Ocidente e para alguns países asiáticos que foram resgatadas pelo colecionador japonês Tohru Toguri, que poderão ser vistas em Tóquio no Museu com o seu nome.


Um dos mais famosos centros produtores de cerâmica do Japão é a cidade de Arita. Cerca de 150 fabricantes estão instaladas na região, onde trabalham mais de 6 mil artesãos na produção não só de finas peças artísticas, como também de uma infinidades de produtos para uso diário.


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