terça-feira, 20 de agosto de 2019

TATUAGENS NO JAPÃO


Quem costuma pesquisar a cultura japonesa já deve ter lido que as tatuagens não são bem-vindas por serem associadas com a Yakuza (Yakuza (ヤクザYakuza [jaꜜkuza]), também conhecida como gokudō (極道, gokudō), são os membros de grupos de uma organização criminosa). 

O Japão tem uma longa história de amor e ódio com tatuagens, desde o período Jomon (10000 AC até 300 AC) que foi a primeira civilização japonesa da história 
As tatuagens nem sempre foram odiadas, na verdade algumas tribos étnicas como os Ainus, de Hokkaido, costumavam tatuar as mulheres na região ao redor da boca e dos lábios.

A situação mudou repentinamente durante a era Edo (1603-1868). Época de grande crescimento económico que levou muitas pessoas a migrarem para as grandes cidades. A criminalidade consequentemente aumentou e as autoridades resolveram tomar medidas drásticas, tatuar os criminosos em áreas visíveis do corpo, para que estes ficassem marcados para sempre. 
Cada região fazia símbolos específicos, forma de identificar o local onde o crime foi efetuado.

Durante a era Meiji as tatuagens tornaram-se ilegais por muitos anos (1872 até 1948)
Isso deve-se ao fato da era Meiji ter sido onde o Japão começou a adotar costumes vindos do Ocidente. O governo proibiu o porte de espadas samurai e tatuagens por medo que os europeus e americanos achassem esses costumes bárbaros. O que aconteceu porém foi o oposto. Os viajantes ocidentais apaixonaram-se pelas tatuagens de estilo japonês, chegando a pedir para serem tatuados também, o que fez com que a lei fosse revogada 
Membros da mais alta aristocracia como o Príncipe Alfredo, um dos filhos da Rainha Vitória, fizeram tatuagens no Japão.


Durante os próximos Jogos Olímpicos, as tatuagens vão ser um dilema para a organização, visto continuarem a ser,para muitos japoneses um sinal de ofensa. 
A polémica vai ser em torno do estigma que que as tatuagens tem no Japão. É uma história tão complexa como antiga, basta lembrar que desde o século VIII AC os criminosos eram tatuados como forma de punição.



Este assunto, pode ser mais um grande legado dos próximos Jogos Olímpicos, mudar o status das tatuagens no Japão




sexta-feira, 9 de agosto de 2019

SOMBRINHAS JAPONESAS


Originária da China, posteriormente, espalhou-se pela Ásia: Coreia, Malásia, Birmânia, Índia, Sri Lanka, Laos, Tailândia e Japão. Nestes países, as sombrinhas de papel desenvolveram-se com diferentes características, de acordo com a cultura local. A princípio eram confecionadas com tiras finas de bambu cobertas com pelos de animais, principalmente penas ou sedas, mais tarde foram substituídas por papel de óleo. Nas sociedades ancestrais, as sombrinhas eram dadas como dote, a sua forma redonda simbolizava bênçãos, fertilidade, vida feliz e completa.
Conhecidas no Japão como “Wagasa”, foram introduzidas no país durante o período Heian (794 – 1185).  No entanto, foi durante o período Edo que se popularizou. Inicialmente, wagasa era um instrumento sagrado usado em cerimoniais budistas. E, ainda hoje é usado em diferentes ritos religiosos.


No quotidiano, além de oferecer proteção contra o sol e chuva, também era considerada item essencial em cerimónias matrimoniais. Prática usual em casamentos tradicionais, também nos dias atuais. Em ambos os casamentos, chineses e japoneses, um mestre de honra cobre a noiva com uma grande wagasa em tom vermelho para afastar maus espíritos.

Coloridos, com diferentes desenhos, as pinturas da superfície do wagasa incluem principalmente traços da cultura japonesa tradicional, popularidade ganha do período de Azuchi-Momoyama ao período Edo. Diferentes cores têm diferentes conotações e simbolismo;

·        Roxo, geralmente usado por Gueixas,
·        Os roxos são também um símbolo de longevidade para os idosos,
·        Rosa, cor muito usada por dançarinos,
·        Verde ou vermelho, usados principalmente por pessoas de meia idade,
·        Homens e idosos costumam usar azul escuro,
·        Artistas tendem a escolher preto
·        Enquanto os brancos são usados em funerais
Com a entrada da sombrinha ocidental no mercado oriental, as wagasas tiveram a sua utilização mais reduzida. Confecionadas de forma artesanal, passaram a serem produzidas em apenas algumas regiões como: Kyoto, Gifu, Yodoe e Tottori.
A produção em Gifu, por exemplo, começou por volta de 1750. Cada sombrinha de papel passa por mais de uma centena de procedimentos. Durante o período Shōwa, a produção em Gifu atingiu o seu apogeu, cerca de quinze milhões por ano. Hoje, são apenas algumas dezenas de milhares no mesmo período.



Já o estilo tradicional de wagasa em Kyoto é chamada kyōwagasa. Uma kyowagasa é completamente artesanal, cores e imagens com características japonesas, e os materiais também são rigorosamente controlados.  A superfície da pele de uma kyowagasa é escovada com óleo de gergelim e amarrado com delicadas cordas finas. Um artesão experiente normalmente produz dez a vinte kyowagasa por mês. Tsujikura em Kyoto, é considerada a loja mais antiga da tradicional sombrinha de papel no Japão.
Atualmente, essas históricas sombrinhas podem frequentemente serem vistos na cultura japonesa associadas a ocasiões especiais como: cerimónias de casamentos, festivais, danças tradicionais, cerimónias de chá e, especialmente como adereços das Gueixas, espalhadas por todo território nipónico.
Hoje, as wagasas tradicionais são vendidas principalmente como obras de arte ou lembranças. Quem não gostaria de possuir uma sombrinha que, além da beleza, carrega tanta história? Este é um dos muitos elementos que conferem verdadeiros encantos à “Terra do Sol Nascente”.


sábado, 3 de agosto de 2019

YAKUSA A LENDÁRIA MAFIA JAPONESA



Possivelmente pela influência de filmes, livros e jogos, a Yakuza, a lendária máfia japonesa, é conhecida de uma forma romântica pelo mundo. Eles, que além de medo, causam admiração pelo "excitante mundo do crime", escondem segredos cruéis a respeito da ação do grupo dentro e fora do Japão ao longo dos (muitos) anos em que agem declaradamente como uma facção criminosa. 
 Vamos tentar listar alguns detalhes sobre a Yakuza que pouca gente conhece, mas que são suficientes para acabar de vez com a admiração que as pessoas sentem desses mafiosos.

1. Grande máfia
Se pensa que a Yakuza pertenceu ao passado, saiba que emprega atualmente, mais de 100 mil pessoas. Esse número torna-a numa das maiores organizações criminosas do mundo. Mas, o seu maior número de membros foi logo após a Segunda Guerra Mundial, quando chegou a contar com 184 mil pessoas. Esse total, por incrível que pareça, representava mais da metade da força policial japonesa, que em 2010 era de 291.475 homens.
2. Lealdade
Dentro da máfia japonesa há uma organização rigorosa, que segue o típico formato piramidal, com o líder no topo e a distribuição do poder entre as suas camadas. Os kobun, ou filhos (seguidores); precisam ser leais e absolutamente obedientes ao oyabun (o chefe ou "pai"), estando dispostos mesmo a sacrificar as suas vidas em nome do líder ou do grupo.
3. Mutilações
Erros sem represálias ou "demissões" não acontecem na máfia. Quem não segue as ordens à risca sofre punições com  violência física. Os erros mais graves, por exemplo, costumam ser pagos com a amputação de um dos segmentos do dedo, prática conhecida entre eles como yubizume.
De acordo com os estudiosos da organização, segundo a tradição japonesa, o ato era praticado para que a pessoa desobediente se tornasse mais dependente de seu superior. Há, ainda casos em que os homens são punidos com a morte.
4. União
Até meados do século XX, a Yakuza funcionava na forma de famílias rivais, quando Yoshio Kodama uniu todas as facções, tornou-se no primeiro chefe absoluto da máfia. Era um líder de extrema direita, que desviou muito dinheiro para o Partido Democrático Liberal japonês, com orientações anticomunistas.
Dizem que Kodama foi um dos responsáveis pelo escândalo de 1976, envolvendo a companhia aeroespacial norte-americana Lockheed, cuja empresa teria pago um suborno superior a 3 milhões de dólares , via Yakuza, para o então primeiro-ministro japonês, Kakuei Tanaka. Aliás, a parceria entre os membros da máfia e os partidos extremistas do país, continua até hoje e traz benefícios para ambos os lados, dando decisão política ao grupo e proteção aos políticos corruptos.
5. Sindroma de Robin Hood
Por serem implacáveis nas suas missões, os membros da Yakuza costumam ver mortes violentas como uma forma poética e honrosa. Além disso, acham-se, por vezes, o próprio Robin Hood, roubam dos ricos para ajudar os mais pobres. Infelizmente é que esses conceitos românticos da vida criminosa fazem com que a máfia seja admirada por muita gente.
Um bom exemplo das ações sociais lideradas pela Yakuza foi em 2011, quando o Japão foi atingido pelo tsunami. Nessa época, a máfia respondeu, tomando parte da situação com maior agilidade que o próprio governo japonês, entregando carregamentos de comida, água potável, cobertores e suprimentos de higiene pessoal nos abrigos.
6. Tatuagens

Uma das marcas mais conhecidas dos membros da Yakusa são as tatuagens. Os filiados não possuem um só símbolo ou uma só tatuagem, tatuam o corpo inteiro (poucas são as partes poupadas), o desenho torna-se uma verdadeira armadura carregada de simbolismos.