terça-feira, 30 de novembro de 2021

SAMURAIS E AS PRIMEIRAS BATALHAS

A partir do século XI, com as frequentes rivalidades entre os governadores das provinciais de um lado e os proprietários locais de ‘shôen’ e ‘myôshu’ de outro, os proprietários residentes nas suas próprias terras, procuravam apoio dos grandes fidalgos da cidade, os Fujiwara, que tinham o poder de nomear e demitir governadores.

Os ‘shôen’ procuraram e obtiveram o direito de recusa da interferência oficial nos seus assuntos administrativos e fiscais, mas, essa autonomia dependia dos cargos dos altos funcionários (aristocratas) e do próprio governo central, o que constituía uma grave contradição do sistema.

Tudo isso só se resolveu com o fortalecimento do caráter autônomo dos administradores de ‘shôen’ e também dos ‘myôshu’, que foram subindo em importância e tornaram-se aos poucos os efetivos organizadores, mentores da produção de ‘shôen’ e líderes dos lavradores. Não demorou muito a tornaram-se samurais, embora ainda por muito tempo mantiveram-se no cultivo da terra. Verificou-se um desenvolvimento do poder económico e político dos administradores de ‘shôen’ e ‘Myôshu’.

Os mais poderosos organizaram milícias e travaram grandes lutas junto dos governos provinciais ou até entre si mesmo, apenas com a finalidade de conseguirem terras ou influências. Transformando-se em samurais fortaleceram a união do seu clã, ensinando os lavradores por eles liderados os ‘myôshu’ e outros a se armar e também a prepararem-se militarmente , organizando-se ao lado do pessoal do seu clã ‘ie-no-ko’.

Esses elementos no comando das suas forças, evoluíram inicialmente para senhores de uma área mais ou menos limitada, depois para uma ampla região quando eram bem sucedidos nas suas disputas. Os samurais surgiram não somente do ‘shôen’ e outras terras particulares, como também dos territórios administrados por governadores provinciais. Isso deveu-se à grande autonomia dos ‘shôen’, que fugiam ao controle oficial.

As terras públicas restantes transformaram-se numa espécie de ‘shôen’, embora tivessem como seu proprietário legal o governo central. Isto foi mais um exemplo da deterioração do regime ‘Ritsuryô’, o governador da província não tinha mais o poder de chefe executivo, ficava então reduzido à condição de um simples administrador local de terras públicas chamadas ‘kokugaryô’ (domínios do governador), que assumiam características de ‘shôen’, quando o governador as administrava como se fossem as suas próprias terras.

Havia também os governadores que assumiam os cargos na capital, mas não se dirigiam à província. Aproveitavam para si as receitas provenientes de terras que pertenciam ao poder central. O trabalho efetivo de administrar o território da província ficava entregue a funcionários nascidos de famílias importantes ou nobres locais da cidade que , sem ter como progredir no centro (onde mandava de maneira absoluta o clã de Fujiwara), aceitaram cargos administrativos no interior.

As funções desses substitutos dos governadores era substancialmente igual às dos administradores de ‘shôen’. Os cargos eram hereditários, e esses transformavam-se em proprietários das terras confiadas à sua administração e militarizavam-se. Com isso, então, acabavam por se tornarem senhores autônomos que não mais obedeceram ao poder central.