A partir
do século XI, com as frequentes rivalidades entre os governadores das
provinciais de um lado e os proprietários locais de ‘shôen’ e ‘myôshu’ de
outro, os proprietários residentes nas suas próprias terras, procuravam apoio
dos grandes fidalgos da cidade, os Fujiwara, que tinham o poder de nomear e
demitir governadores.
Os
‘shôen’ procuraram e obtiveram o direito de recusa da interferência oficial nos
seus assuntos administrativos e fiscais, mas, essa autonomia dependia dos
cargos dos altos funcionários (aristocratas) e do próprio governo central, o
que constituía uma grave contradição do sistema.
Tudo
isso só se resolveu com o fortalecimento do caráter autônomo dos
administradores de ‘shôen’ e também dos ‘myôshu’, que foram subindo em
importância e tornaram-se aos poucos os efetivos organizadores, mentores da
produção de ‘shôen’ e líderes dos lavradores. Não demorou muito a tornaram-se
samurais, embora ainda por muito tempo mantiveram-se no cultivo da terra. Verificou-se
um desenvolvimento do poder económico e político dos administradores de ‘shôen’
e ‘Myôshu’.
Os mais
poderosos organizaram milícias e travaram grandes lutas junto dos governos
provinciais ou até entre si mesmo, apenas com a finalidade de conseguirem
terras ou influências. Transformando-se em samurais fortaleceram a união do seu
clã, ensinando os lavradores por eles liderados os ‘myôshu’ e outros a se armar
e também a prepararem-se militarmente , organizando-se ao lado do pessoal do
seu clã ‘ie-no-ko’.
Esses
elementos no comando das suas forças, evoluíram inicialmente para senhores de
uma área mais ou menos limitada, depois para uma ampla região quando eram bem
sucedidos nas suas disputas. Os samurais surgiram não somente do ‘shôen’ e
outras terras particulares, como também dos territórios administrados por governadores
provinciais. Isso deveu-se à grande autonomia dos ‘shôen’, que fugiam ao
controle oficial.
As
terras públicas restantes transformaram-se numa espécie de ‘shôen’, embora
tivessem como seu proprietário legal o governo central. Isto foi mais um
exemplo da deterioração do regime ‘Ritsuryô’, o governador da província não
tinha mais o poder de chefe executivo, ficava então reduzido à condição de um
simples administrador local de terras públicas chamadas ‘kokugaryô’ (domínios
do governador), que assumiam características de ‘shôen’, quando o governador as
administrava como se fossem as suas próprias terras.
Havia também
os governadores que assumiam os cargos na capital, mas não se dirigiam à
província. Aproveitavam para si as receitas provenientes de terras que
pertenciam ao poder central. O trabalho efetivo de administrar o território da
província ficava entregue a funcionários nascidos de famílias importantes ou
nobres locais da cidade que , sem ter como progredir no centro (onde mandava de
maneira absoluta o clã de Fujiwara), aceitaram cargos administrativos no
interior.
As
funções desses substitutos dos governadores era substancialmente igual às dos
administradores de ‘shôen’. Os cargos eram hereditários, e esses
transformavam-se em proprietários das terras confiadas à sua administração e
militarizavam-se. Com isso, então, acabavam por se tornarem senhores autônomos
que não mais obedeceram ao poder central.
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