sábado, 29 de fevereiro de 2020

SAMURAIS – ALGUMAS DAS SUAS VIVÊNCIAS


Nos campos de batalha assim como em duelos, os combatentes enfrentavam-se como verdadeiros cavalheiros. Na batalha, um guerreiro costumava galopar até à linha da frente inimiga para anunciar a sua ascendência, uma lista de feitos pessoais, bem como as façanhas do seu exército ou de sua facção. Depois era dado início aos combates. O mesmo acontecia num duelo. Antes de entrar em combate, os samurais apresentavam-se, reverenciavam os seus antepassados e enumeravam os seus feitos heróicos para depois entrarem em combate. 
Fora do campo de batalha, o mesmo guerreiro que colhia cabeças como troféu de combate era também um fervoroso budista. Membro da mais alta classe, empenhava-se em atividades culturais, como arranjos florais (ikebana), poesia, além de assistir a peças de teatro nô, uma forma de teatro solene e estilizada para a elite e oficiar cerimónia do chá, alguns dedicavam-se a atividades artísticas tais como a escultura e a pintura.
O estilo de vida e a tradição militar dos samurais dominaram a cultura japonesa durante séculos, e permanecem vivos no Japão até aos dias de hoje.
Muitas crianças em idade escolar ainda praticam as habilidades clássicas do guerreiro, entre elas a esgrima (kendo), arco-e-flecha (kyudo) e luta corporal desarmada, como por exemplo o karate. Esta e outras artes marciais, fazem parte do currículo da educação física no Japão atual.
Hoje o espírito samurai continua vivo na sociedade. Através dele,  o Japão é hoje uma das maiores potencias mundiais.
A origem do nome samurai vem do verbo ‘saburau’ (servir, seguir o senhor). Segundo o professor Rizo Takeuchi na sua obra “Nihon Shoki” (crônicas do Japão), um dos livros mais antigos do país datado de 720 D.C. existem referências de samurais como “saburai-bito” (pessoa que serve o patrão).
No início do período Heian (794-1192) , designava-se por ‘saburai’ aquele que servisse o palácio da imperatriz, das concubinas do soberano ou príncipes regentes da corte. Nessa época já havia uma hierarquia dentro do palácio para com os ‘saburais’ , que encaixavam-se acima dos criados e outros servidores comuns.
Mas, o saburai ainda não exercia funções militares, sendo assim, era apenas um serviçal comum que não pertencia a nenhuma classe casta e nem era considerado funcionário militar ou do governo. Não existiam na corte funcionários encarregados das tarefas civis ou militares, ou seja, civis podiam ocupar cargos de comando militar e vice-versa.
As raízes do samurai, ou indo mais a fundo, do seu espírito, podem ser encontradas segundo os historiadores , em épocas bem mais remotas.Entre os objetos encontrados nos famosos túmulos (kofun), datados entre o século IV, são comuns encontrar armas e outros aparatos de guerra dos mais variados tipos, como espadas, lanças, escudos, armaduras, capacetes, flechas e arcos.

Isso mostra que existiam guerreiros fortemente armados e prontos para a luta, mesmo antes do aparecimento de registos históricos do país, como o ‘kanji’ (escrita chinesa, só introduzida no século VI no arquipélago nipônico). Nos primeiros séculos da era cristã, foi formando-se o estado Yamato, resultante de muitas lutas e derramamento de sangue entre os grupos tribais e clãs.


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

O-OROY (ANTIGA ARMADURA JAPONESA)



O o-oroy ou "grande armadura" é uma antiga armadura japonesa usada pela classe samurai durante a era feudal do Japão. Combina prato e escamas (kozane) entrelaçadas (lamear).  Ō-yoroi pode ser rastreado até o período Heian no século X. Tornou-se popular no século XII durante a Guerra de Genpei, quando a armadura era muito essencial. Foi utilizada principalmente para arqueiros de cavalaria, pois era em forma de caixa e não permitia muito movimento. No século XV, o ō-yoroi não era uma escolha favorita de armadura porque os samurais usavam mais táticas de infantaria em batalha.



O ō-yoroi é considerado a armadura de um homem rico, já que foi usado principalmente por samurais de nível mais alto a cavalo. O samurai da classe pobre, usava algo semelhante, apenas tinha menos componentes, era mais leve e não possuía os aspectos decorativos dos samurais mais graduados. Os componentes básicos do ō-yoroi são conhecidos como “hei-no-rokugu” ou “rokugu”, significando “seis artigos de armas”.

 

Os seis componentes principais são sune-ate (shin armor), menpo (armadura facial), kabuto (capacete), dō (armadura no peito), kote (mangas blindadas) e a data da farda (armadura da coxa). O material, a cor e o design do laço identificavam o clã ao qual o samurai pertencia. No ō-yoroi realmente permanece uma parte orgulhosa da história única do Japão     







segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

CASTELO NIJO - Símbolo do poder do shogunato Tokugawa em Kyoto



Kyoto já foi a capital do Japão, mas atualmente é o capital cultural do país com os seus milênios de história. No centro da cidade fica o imponente castelo Nijo.

Símbolo do poder do shogunato Tokugawa, a sua construção começou em 1603 e só foi concluída 23 anos depois pelo seu neto Lemitsu.
A imponente construção foi feita para lembrar à população, aos daimyos e ao próprio Imperador do Japão onde estava o poder.

Além das duas defesas internas e dos profundos fossos que cercam o castelo Nijo, Lemitsu ordenou a construção de uma torre de cinco andares financiada pelos daimyos.
O castelo Nijo entrou para a lista de patrimónios históricos da humanidade da UNESCO em 1994. Esta aberto ao público desde a Restauração Meiji.
A arquitetura do castelo Nijo é a mais preservada do Japão feudal e é onde se encontram milhares de tesouros nacionais. O deslumbrante portão Karamon é um deles.


Ao atravessar o portão chega-se ao primeiro círculo de defesa (fortaleza), o Ninomaru. No segundo círculo há um palácio com seis pequenas estruturas interligadas.

O conjunto da fortaleza com a sutileza dos jardins e obras de artes fazem do castelo Nijo um macrocosmo da visão do mundo de um samurai. Não faltam motivos para visitar este patrimônio histórico da humanidade caso visite Kyoto.






sábado, 1 de fevereiro de 2020

KARATE SHOTOKAN - GICHIN FUNAKOSHI


A história do mestre Gichin Funakoshi é essencial na compreensão do karate. A ele é dado o título de “pai do karate moderno”, devido aos seus esforços na divulgação dessa arte e de a tornar acessível a todos.
Gichin Funakoshi nasceu em Shuri, Okinawa, em 1868, o mesmo ano da Restauração Meiji. Era filho único e logo após o seu nascimento foi levado para a casa dos avós maternos, com os quais foi educado. Algum tempo depois começou a frequentar a escola primária, onde conheceu outra criança de quem ficou muito amigo. Essa criança era filho de Yasutsune Azato, um dos maiores especialistas de Okinawa na arte do karate, e membro de uma família respeitada.  Funakoshi começou a ter as suas primeiras lições de karate.  Quarenta anos depois em Tóquio fez as primeiras demonstrações que fariam do karate umas das artes marciais mais conhecidas e praticadas do mundo. É da sua autoria a alteração da palavra “karate”, de mãos chinesas, para “mãos vazias”.


A história do estilo Shotokan  confunde-se com a própria história do karate moderno. Sistematizado por Gichin Funakoshi por volta de 1888, ele foi um grande defensor das artes marciais até à sua morte, por isso é conhecido como “o pai do karate moderno”. Gichin Funakoshi aprendeu a técnica com mestre Azato, mas como na época não era permitida a prática do karate, as aulas eram só à noite, estendendo-se até a madrugada. Lá ele aprendia a golpear e mover-se conforme os métodos praticados naquele tempo.


O treino era muito rigoroso. Mestre Azato tinha uma filosofia no treino que se chamava Hito Kata San Nen, ou seja, “um kata em três anos”. Funakoshi estudava cada kata a fundo, e então, quando autorizado pelo seu mestre, seguia para o seguinte.


No começo deste século (em 1902), durante a visita de Shintaro Ogawa, inspetor escolar da prefeitura de Kagoshima, à escola de Funakoshi em Okinawa, foi feita uma demonstração de karate. Funakoshi impressionou muito, ficou tão entusiasmado que escreveu um relatório ao Ministério da Educação elogiando as virtudes da arte. Foi então que o treino de karate passou a ser oficialmente autorizado nas escolas, conquistando rapidamente o Japão onde foi implantado na maioria das universidades.


O Shotokan procura o equilíbrio físico, mental e espiritual.

Acredita-se que a procura incessante desse equilíbrio é fundamental, pois para um karateca conseguir praticar correctamente e evoluir, é necessário que corpo, mente e espírito estejam em sintonia perfeita.