A maquilhagem artísticas das Gueixas e Maikos são
caracterizadas por uma pele de cor branca como a neve, e detalhes nos olhos e
sobrancelhas em preto e vermelho, a boca em forma de coração vermelho carmim e
o cabelo alto e duro com laquê.
É impossível ver uma maquilhagem
assim e instantaneamente não a associar à sua imagem. Mas qual a origem e de
onde surgiu essa maquilhagem com um estilo tão exótico, misterioso e tão
diferente dos padrões ocidentais?
Segundo contam, esse tipo de
maquilhagem era feito apenas pelas damas da corte japonesa durante o Período
Heian (794-1185 dC), numa época em que a China exercia forte influência
cultural no Japão.
As mulheres daquela época, nos dias de hoje em
determinadas situações, usavam pó de farinha de arroz ou um pó à base de chumbo
misturado com água. Ficava uma pasta fina que, aplicavam na pele como se fosse
uma base, no rosto todo, pescoço e colo.
Tinham o hábito também de arrancar todos os pelos das
sobrancelhas. Depois de aplicarem a pasta branca no rosto, faziam sobrancelhas
falsas no alto da testa.
Tinham também um hábito, para nós estranho, chamado Ohaguro que, consistia em escurecer os dentes com uma
mistura de limalha de ferro oxidado mergulhada numa solução ácida. A aplicação
desta mistura era repetida a cada dois dias, caso contrário, os dentes
voltariam a ser branco.
Esse hábito durou até à era Meiji. Hoje em dia quase não é
usado, a não ser por atores kabuki, em peças teatrais ou pelas maikos durante o
treino para se tornarem numa gueixa. Normalmente, utilizam-no apenas durante
uma semana antes de se tornarem geikos.
Nos primeiros anos de carreira, as gueixas adotam
maquilhagem, penteados e quimonos exuberantes. Mas após três anos, a
maquilhagem torna-se mais leve e o penteado é muitas vezes apenas um coque
simples. A razão é que a sua “beleza” está agora na sua maturidade e arte (GEI)
ao inverso da sua aparência.
Para ocasiões formais e danças, porém, ela usa uma peruca
(katsura) e uma maquilhagem mais pesada, cuja aplicação é um processo demorado
e complicado. Primeiro é aplicado sobre a pele um óleo chamado bintsuke-abura
para que o pó branco tenha maior fixação na pele do colo, pescoço e rosto.
A
nuca (komata) é a parte do corpo considerado sexy numa gueixa. Apesar do rosto
e pescoço serem pintados de branco, é comum a gueixa deixar na nuca, uma zona
com a forma de “W” sem pintura para destacar a sensualidade desta área. Em ocasiões
especiais, em vez de “W”, deixam um formato parecido com um “VVV”.
O próximo passo é a pintura nos olhos e sobrancelhas. É
preciso muito cuidado e precisão, pois um erro fará com que o processo tenha
que ser reiniciado desde o princípio.
As sobrancelhas são desenhadas em preto com um toque de
vermelho. Antigamente usavam carvão para escurecê-los, mas hoje existem
cosméticos específicos.
De seguida, a gueixa pinta os olhos com vermelho e preto.
A quantidade de vermelho no olho começa a diminuir durante a transição de uma
maiko para gueixa. Ou seja, quanto mais experiência for ganhando, menos
vermelho terá nos olhos, até que se torne mínimo ou seja excluído da
maquilhagem.
Por último, a gueixa pinta os lábios com um pequeno pincel.
Tradicionalmente usam uma tinta extraída a partir de uma flor (benibana,
cártamo) misturada com água e coberto com açúcar cristalizado para dar brilho.
Pode não parecer, mas na verdade muitas coisas mudaram na
caracterização das gueixas comparando o tempo antigo com os dias de hoje. Os kimonos que usavam
eram de tons mais sombrios e a maquilhagem era mais pesada e carregada. Hoje em dia, a
maquilhagem e os trajes das gueixas ganharam um ar mais “cool” e leve, sem
perder suas raízes tradicionais. Afinal ser gueixa é uma arte.