quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

O FIM DO ANO NO JAPÃO


Em Portugal adoramos a contagem regressiva do ultimo minuto do ano seguido de um bom espetáculo de fogo de artificio. No Japão o Réveillon, antes dos fogos de artificio o que se escuta na Terra do Sol Nascente são as 108 badaladas do ritual budista Joya no Kane.
No dia 31 de dezembro, a contagem regressiva tão esperada pelos japoneses são as 107 badaladas do sino (a última badalada ocorre exatamente à meia noite, momento exato do inicio do novo ano) . Para o povo japonês, esse ritual celebra a chegada do Ano Novo, assumindo o papel que os fogos de artifício fazem em vários países.
Segundo as crenças budistas, as 108 badaladas representam os 108 pecados ou desejos mundanos do homem, e o tocar do sino serve para afastar esses desejos, a fim de que o homem possa entrar purificado no novo ano. Mas quais são eles? Referem-se aos seis sentidos (visão, audição, olfato, paladar, tato e consciência), multiplicado por três (positivas, negativas ou indiferentes), que dá um total de 18 “desejos”. Cada um desses desejos pode estar “ligado ou separado do prazer”, portanto multiplica-se por 2, dando um total de 36 “desejos”.
Cada um desses desejos pode manifestar-se no passado, presente ou futuro, portanto multiplica-se 36 por 3, dando como resultado 108. Este número é muito frequente nas crenças religiosas indianas, portanto quando o budismo chegou ao Japão (a cerca de 400 aC), este número passou também a fazer parte de várias tradições budistas.
A primeira visita do ano novo é a um santuário ou templo, o Hatsumode. As visitas ocorrem a partir do dia 31 de dezembro, véspera de Ano Novo (Omisoka) até ao dia 3 de janeiro. Normalmente, as pessoas vão com trajes típicos japoneses (quimono e hakama) e rezam para que tenham um ano próspero e com muita saúde.
Durante o Ano Novo (Oshougatsu), os templos e santuários enchem-se e muitas vezes é necessário ficar na fila durante horas para se conseguir entrar. Dentro dos templos são vendidos vários tipos de talismãs para trazer boa sorte como Omamori, Daruma e Maneki Neko. Muitos aproveitam para deixar os amuletos antigos para sejam queimados.
No dia 1 de Janeiro, os japoneses costumam levantar-se cedo para assistir ao primeiro amanhecer do ano. Esse ritual chama-se Hatsuhinode. Muitos reúnem-se com amigos e familiares e vão para o litoral ou para algum templo localizado geralmente numa cidade montanhosa para apreciar o nascer do sol.
Após um generoso pequeno almoço, muitos retornam aos templos para comprar o Omikuji, Omikuji uma espécie de oráculo com previsões de boa sorte. Também são realizados diversos jogos tradicionais no Ano Novo, como o Takoage e o Hanetsuki.
Outra tradição japonesa de Ano Novo é o Hatsugama, que é a primeira cerimónia do chá do ano, onde se reúnem os membros mais importantes da família ou as pessoas mais próximas com o intuito de manter boas relações no novo ano.
O Ano Novo no Japão é um evento tradicionalmente familiar. Muitos viajam para se reunir com a família e partilhar das comidas típicas de Ano Novo como o Soba e o Osechi-ryouri, com kazunoko (ovas de arenque), Kobumaki (kombu enrolado), Datemaki (omelete) e takenoko (rebento de bambu).
No dia 2 de janeiro, um evento muito importante ocorre para o povo japonês. É o Kokyo Ippan Sanga, uma cerimónia oficial em que o Imperador do Japão e a sua família fazem a primeira aparição pública na varanda do ano no Palácio Imperial, em Tóquio, para felicitar a nação japonesa pelo Ano Novo.
Neste dia, os portões do Palácio Imperial estão abertos e as pessoas comuns podem atravessar a ponte Nijubashi. Este é um dos dois dias do ano em que é possível entrar no palácio. O outro dia é a 23 de dezembro, que é o aniversário do imperador. Normalmente uma grande multidão aglomera-se no local.
Para a maior parte das famílias japonesas, o Ano Novo é um momento de reflexão sobre o ano que passou, de renovar as energias para o ano que vai começar. É a época de fazer uma grande limpeza não só física como também espiritual, para afastar toda a negatividade. Também é o momento hora compartilhar bons momentos junto da família.
Para os japoneses é muito importante terminar o ano em paz, com a sensação de que todas as suas dívidas estão liquidadas e com a certeza de dever cumprido. Para a maioria dos japoneses esse sentimento ajuda a trazer não só prosperidade económica, como sorte em todos os aspetos da vida no novo ano que se inicia.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

O NATAL NO JAPÃO



Como sabemos, no Natal é celebrado o nascimento de Jesus. Por este motivo é uma data muito importante para os cristãos e é comemorado nos países de tradição cristã. Mas e no Japão? Como é o espírito natalício japonês? De que forma os japoneses celebram o Natal?
No Japão, como muitos sabem, existem poucos cristãos (os japoneses são maioritariamente budistas ou xintoístas). O Natal portanto é um feriado importado com valor comercial, embora a sua popularidade aumente a cada ano que passa.
A partir de novembro, variadas decorações de Natal ornamentam as ruas, especialmente a das grandes cidades. Também há iluminação noturna especial em vários locais turísticos, parques e locais públicos. As lojas e o comércio em geral também contam com muitas decorações de Natal com o objetivo de impulsionar as vendas.
Mas o conceito de Natal no Japão, como podemos presumir é diferente da do Ocidente. Tem um significado muito mais comercial do que religioso. As famílias japonesas, por exemplo, costumam celebrar o Natal com o frango frito do kentucky e com um bolo de creme com morangos.
A tradição começou durante o período Meiji, por volta de 1874, com a chegada de estrangeiros cristãos europeus ao país. A primeira aparição da figura do Pai Natal surgiu em 1904, seguida das primeiras árvores com enfeites natalícios. Só muitos anos depois é que o bolo natalício e os frangos fritos do KFC passaram a fazer parte do Natal japonês.
Na década de 80, a sociedade japonesa tinha um poder de compra muito alto e visando especialmente os jovens consumidores, iniciou-se uma campanha de marketing que fez com que o Natal passasse a ser associado com o “amor”, ganhando desta forma um conceito romântico, bem diferente do que ocorre no ocidente.
Esse conceito foi reforçado em 1984 com a música "Last Christmas", do grupo “Wham!”, que embalou os natais dos anos 80, e fez com que o Natal no Japão se tornasse sinonimo de um encontro romântico a dois. A música fez tanto sucesso que o grupo Exile lançou uma versão japonesa da musica.
Por este motivo é normal na época natalícia ver muitos casais de namorados em jantares ou passeios românticos na noite do dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Há também troca de presentes entre o casal.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

AS GRADUAÇÕES NO KARATE



As graduações em Karaté, dividem-se em dois escalões:

- Escalão elementar ou principiantes
- Escalão avançado ou de cinto preto.

As graduações elementares também designadas por graduações de Kyu, subdividem-se em 9 categorias. Neste escalão, o valor da graduação está na ordem inversa da escala de 1 a 9.
O praticante que começa a treinar, recebe a graduação de 9º Kyu e terá de percorrer todas as categorias até 1º Kyu para então se candidatar a cinto preto.
As graduações avançadas também designadas por graduações de DAN, dividem-se em 10 categorias, numa progressão direta na escala e no valor da graduação. Os detentores destas graduações usam todos cinto preto independentemente, da sua graduação.
                                                         

                                                                            10º DAN - Cinto Negro

                                                                       9º DAN - Cinto Negro

                                                                   8º DAN - Cinto Negro

                                                               7º DAN - Cinto Negro

                                                           6º DAN - Cinto Negro

                                                      5º DAN - Cinto Negro

                                                  4º DAN - Cinto Negro

                                             3º DAN - Cinto Negro

                                        2º DAN - Cinto Negro

                                   1º DAN - Cinto Negro




                                                                         1º KYU - Cinto Castanho

                                                                   2º KYU - Cinto Castanho

                                                              3º KYU - Cinto Castanho

                                                         4º KYU - Cinto Vermelho

                                                    5º KYU - Cinto Azul

                                              6º KYU - Cinto Verde

                                         7º KYU - Cinto Laranja

                                    8º KYU - Cinto Amarelo

                               9º KYU - Cinto Branco - Iniciados


Observando o gráfico, podemos concluir que a parte inferior (KYU) abaixo da linha intermédia e divisória dos dois escalões, corresponde à fase em que o praticante procura eliminar defeitos, ou criar qualidades básicas – é a sua preparação para o Karaté.

Conforme vai conseguindo os seus objetivos, assim, vai ficando mais perto do ponto zero ou ponto de partida - é a fase de transição das graduações de KYU para as de DAN. É nesta altura que efetivamente, começa o Karaté.
Como colocar o cinto




domingo, 17 de dezembro de 2017

O MOSTEIRO DE SHAOLIN


O Templo Shaolin foi construído em 495 pelo Imperador Xiaoen da Dinastia Wei. Com as invasões e os diferentes problemas políticos, o templo, como qualquer monumento histórico ou objeto de interesse cultural, constituía um alvo a ser destruído.
Durante a sua história, foi várias vezes saqueado, como todas as igrejas de países em guerra, mas nunca foi totalmente destruído, só parcialmente, os seus muros, que, posteriormente, foram reconstruidos. O maior dano infligido ao mosteiro foi, sem dúvida, o incêndio da grande biblioteca, com a perda de exemplares únicos.
Na imagem, vê-se o mosteiro de Shaolin, tal como está hoje. Trata-se, portanto, de um templo budista do “pequeno bosque”, fundado, segundo a tradição, em Henan, na China, sobre o monte Songshan.
O monge indiano Bodhidharma aí residiu por volta do ano de 1600, introduzindo os princípios indianos de defesa sem armas, com a finalidade da proteção dos monges do Chan (o zen chinês) dos bandidos.
As técnicas de Shaolin têm duas correntes distintas, sendo a do Norte designada Shaolin e a do Sul, Taiji Quan.
Estes sistemas de luta com as mãos vazias foram mantidos secretos durante séculos, pelos monges budistas. O seu ensino compreendia dois aspetos, o interno (Neijia) que se destinava ao treino da resistência muscular e o externo (Waijia), que consistia em movimentos suaves de avanço e recuo, controlando a respiração.
No século XVIII, foram criadas cinco grandes escolas provenientes de Shaolin, chamadas, em cantonês Hung-gar, Mo-gar, Choi-gar e Li-gar, que rapidamente, elaboraram estilos procedentes de diferentes mosteiros, entre os quais os de E-nei-shan, Wu-tang, Fujian, Guang-dong e Henan, segundo os nomes das províncias ou cidades onde se desenvolveram.
Para chegar a ser monge guerreiro da Ordem do Templo de Shaolin, eram necessárias as mesmas condições que para qualquer outra ordem budista, ou seja, seguir o nobre trilho do Buda.
Aqueles que se dedicavam ao caminho das armas, deviam possuir uma personalidade sólida, um corpo ágil e forte, uma mente incorruptível e uma vontade de ferro. Para estes, a desonra, a traição e a falsidade eram faltas que, a existirem, os afastariam para sempre do caminho do guerreiro.

Os mestres do templo obedeciam a uma série de regras muito específicas, na escolha justa das pessoas adequadas que, posteriormente, receberiam os verdadeiros conhecimentos de Shaolin:

Primeira regra: logo de início, as capacidades psicológicas dos discípulos “Monzo” eram cuidadosamente observadas, controladas e medidas. Avareza, orgulho, egoísmo, e ira constituíam limitações do comportamento que, sem saber, os aspirantes deviam superar, nas situações que os mestres, habilidosamente, lhes apresentavam.
Por este meio, eram afastados mais de 75% dos discípulos, a quem, apesar disso, também continuavam a ensinar, sem que eles soubessem que jamais alcançariam o verdadeiro Kung-Fu do Mosteiro. Assim, eram selecionados os psicologicamente mais fortes.

Segunda regra: superada a barreira psicológica, era preciso passar a prova física. Os aspirantes eram obrigados a realizar séries de exercícios que superavam em muito o que normalmente pode ser exigido a um homem vulgar, levava-os ao limite do que a natureza humana pode aguentar em esforço físico. Assim, eram selecionados os fisicamente mais fortes.

Terceira regra: era implementada durante a aprendizagem dos movimentos próprios das Artes Marciais. Escolhiam os alunos capazes de perceber , captar rapidamente as explicações , realizar os exercícios ensinados pelos mestres, de uma maneira imediata, mostrando também estar na posse de uma boa memória. Desta maneira, eram escolhidos aqueles que possuíam uma capacidade superior de visualização, coordenação e domínio dimensional do seu corpo em relação ao espaço.

Quarta regra: chegados a este nível, os alunos iniciavam os treinos de combate. Tais práticas eram realizadas sem nenhum tipo de proteção, tanto tratando-se de luta corpo a corpo com as mãos vazias, como de combate com armas curtas ou compridas, tais como espadas, facas, lanças, etc.
Eram identificados os guerreiros que mostrassem uma total ausência de medo e um completo desapego pela vida, como determinava o Buda.
Eram assim selecionados aqueles que geneticamente, possuíam uma grande capacidade e habilidade especiais para aprender e praticar Kung-Fu.

Quinta regra: quando os praticantes já contavam com um domínio elevado, o mestre treinava entre eles os melhores lutadores, para que os combates chegassem a ser quase sangrentos, incentivando assim, a coragem combativa de ambos os lutadores. Desta maneira, os combates eram cada vez mais violentos, o que obrigava a realizar movimentos de defesa cada vez mais eficazes , ao mesmo tempo, fazia aflorar os sentimentos mais primários de sobrevivência. Nesta fase, o lutador que mantinha a sua condição de monge, de homem nobre, de ser humano, perante tão comprometedora e difícil situação, aquele que mostrava não ter perdido o seu auto domínio, era, finalmente, selecionado.
E assim eram escolhidos os que, após tantos anos de duro e intenso treino de Kung-Fu ,não se tornaram lutadores desumanos e loucos. Eram aqueles que continuavam a respeitar e observar os ensinamentos do Buda. Aqueles que tinham alcançado o Zen.
Nestas regras, estavam ocultos os verdadeiros conhecimentos das Artes Marciais de Shaolin. De acordo com o código de honra dos monges Shaolin, o Kung-Fu só deve ser utilizado quando a vida corre perigo.
Entretanto, muitos eram os que não chegavam a superar algumas das etapas da aprendizagem, obrigatórias para todos os alunos. Também eram numerosos, aqueles que continuavam a praticar Shaolin Kung--Fu, ignorando que tinham ficado pelo caminho; finalizados os doze anos de aprendizagem, abandonavam o Mosteiro como se fossem autênticos especialistas, crentes de ter alcançado o título de Guerreiro Shaolin. Mas o verdadeiro saber do Templo estava zelosamente guardado e protegido pelos mestres, e estes impediam que pessoas que pudessem utilizar mal os conhecimentos, tivessem acesso aos segredos de Shaolin.
Os diferentes estilos de Kung-Fu da China, assim como muitos dos sistemas de combate de outros países asiáticos, como o Japão ou a Coreia, surgiram praticamente a partir de Shaolin, como reflexo da poderosa máquina de guerra que, durante séculos, foi este Mosteiro.



sábado, 16 de dezembro de 2017

HISTÓRIAS E LENDAS DOS VELHOS MONGES GUERREIROS (3)





“Mestre, como hei-de seguir um caminho tranquilo, quando o mundo raramente é tranquilo?

- A paz não reside no Mundo, mas no homem que segue o caminho.
- Mas, no meu caminho podem aparecer homens que não estejam em paz.
- Procura um caminho diferente.
- E se, por cada vez que o faça, me apareçam homens violentos que não amem a paz?
- Para alcançar a perfeição, um homem deve desenvolver igualmente a compaixão e a sabedoria.
- Mas, como evitar o confronto com um homem que quer lutar comigo?
- Num coração que bate em uníssono com a Natureza, ainda que o corpo lute, a consciência está em paz. E num coração que não esteja com a natureza, ainda que o corpo esteja tranquilo, há sempre violência. Sê, portanto, como a proa de um barco. Rasga a água e, no entanto, deixa-a intacta à tua passagem.
- Atinge a chama, rápida e impercetivelmente. Desta forma, a chama apagar-se-á. Mas a chama não deve ser tocada.
- Mestre, qual é o objetivo de um golpe tão difícil?
- Disciplina. Só deves atingir com tal força um ponto e nada mais.
- Estou perturbado. Aprendemos a tornar poderosa a força dos nossos corpos, contudo, ensinam-nos a respeitar todos aqueles que são contra o uso de tal força.

- Quando a tua vida for ameaçada, ou uma vida inocente, estarás preparado para as defender.
- Estando preparado melhor que os outros não devia combater sempre?
- E isso não é de um cobarde?
- O javali foge do tigre sabendo que cada um deles pode matar o outro. Ele salva a sua própria vida não a do tigre. Isso não é cobardia. É amor à vida. O que é a cobardia, se não a sabedoria do corpo que conhece a sua fraqueza? O que é a valentia, se não a sabedoria da força?

O cobarde e o herói estão juntos em cada homem. Por isso, chamar a um homem cobarde e a outro corajoso só serve para indicar as possibilidades de atingir o oposto.”



sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

HISTÓRIAS E LENDAS DOS VELHOS MONGES GUERREIROS (2)







“Procura sempre a paz. Não uses atalhos para os passos dos outros, a não ser que a alma esteja em perigo. Todos estamos ligados pela alma.

- Mas, e se assim correr riscos, mestre?

- Nessas alturas, a alma deve ser o guerreiro.

- Quando a alma se torna o guerreiro, o medo derrete, como flocos de neve, que caem na tua mão.”

“Os mais caridosos não se empurram. Os melhores lutadores não fazem exibições de ira. O antagonista mais sábio é o que vence sem entrar em combate.

- Mestre, para quê treinar o corpo, se devemos evitar a ira e o combate?

- O poder é de quem não entra em conflito. É assim que os fracos vencem os mais fortes.”

“Tenho três tesouros que nunca esquecerei.

- O primeiro é a Misericórdia, da qual vem a coragem.

- O segundo é a frugalidade, da qual vem a generosidade para com os outros.

- O terceiro é a humildade, da qual vem a liderança.

- O que hei-de fazer para não me esquecer deles,

Mestre? Guardo-os na memória?

- Na memória, não! Mas nas ações.”



domingo, 3 de dezembro de 2017

HISTÓRIAS E LENDAS DOS VELHOS MONGES GUERREIROS (1)


Para além da sua formação espiritual e embora pareçam contraditórias, na sua maioria, as técnicas de autodefesa que hoje conhecemos, foram idealizadas e desenvolvidas por homens pacíficos, os monges Taboistas e Budistas, que, ao longo dos tempos, foram aperfeiçoando a sua execução, para melhor se protegerem dos ataques de salteadores aquando das suas viagens, do saque e destruição dos seus mosteiros e, por último, para manterem uma excelente condição física, tão necessária aos longos meses de meditação.
O Budismo junto com o Shintoísmo permitiram o nascimento do Bushido, influenciando através dos tempos os seguintes aspetos: a calma de sentimentos; a obediência ante o inevitável e a aceitação da morte e da pobreza.
O Bushido é a Bíblia das Artes Marciais.

“O Silêncio Completo. Quatro monges decidiram meditar em silêncio completo, sem falar por duas semanas. Na noite do primeiro dia, a vela começou a falhar e apagou-se. O primeiro monge disse:

-Oh, não! A vela apagou-se!

O segundo comentou:

-Não tínhamos que ficar em silêncio completo?

O terceiro reclamou:

-Porque é que vocês os dois quebraram o silêncio?

Finalmente, o quarto afirmou, todo orgulhoso:

- Aha! Eu sou o único que não falou!”