sábado, 11 de julho de 2020

AS LESÕES DESPORTIVAS


O que a seguir se descreve não substitui o diagnóstico médico.
Fotos e quadros retirados de uma publicação da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do desporto


Quem sofre uma lesão, devido a um acidente ou de maneira casual, conforma-se rapidamente e só pretende regressar logo que possível á sua vida habitual. O desportista, e em especial o que toma parte em competições, não se satisfaz de modo algum com isso. Não só quer voltar a praticar, como também atingir novamente as suas antigas marcas ou readquirir a sua forma.
Assim, compreende-se que as lesões graves, apenas possam ser tratadas por quem esteja familiarizado com as características do respectivo desporto e que, além disso, domine de tal maneira o tratamento cirúrgico-ortopédico daquelas, que possam, de facto garantir o desejado objectivo terapêutico.



Como o desporto tem como finalidade aumentar a capacidade de rendimento de todo o corpo, e nunca reduzi-la, não só é importante curar convenientemente as lesões, mas também, e principalmente, evitar os acidentes no desporto.


Quem pratica um desporto deve, portanto, debruçar-se sobre tais problemas, com um médico experiente, para que o número de lesões não ultrapasse o mínimo inevitável.
A cura urgente é importante nas lesões desportivas, pelo que, seria aconselhável que todos os praticantes adquirissem os conhecimentos básicos sobre essa matéria.
A maioria dos atletas que se dedica à prática de um desporto durante alguns anos sofre, a dada altura, algum tipo de lesão muscular. Pode ser uma distensão, uma entorse, uma rotura de ligamentos, uma luxação ou qualquer outro tipo de lesão que os impede de dar o seu rendimento pleno.



Em muitos casos, a zona lesionada acaba por recuperar a sua força e mobilidade total apenas com alguns dias de repouso e, eventualmente, com a continuação da prática moderada do seu desporto preferido. Outras vezes, vemos o tempo a passar e a lesão em vez de melhorar, piora. É urgente, nessa altura, consultar um médico. Casos há em que é necessário de imediato a intervenção médica e depois a reabilitação física.
A bem da nossa saúde e da prática desportiva que elegemos, devemos mantermo-nos fisicamente e mentalmente aptos.




O princípio básico do treino e, consequentemente, da recuperação psicomotora pode ser estabelecida a partir destas três premissas:

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O aumento da força muscular, obtém-se por meio de algumas contracções musculares realizadas com uma resistência cada vez maior.
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O aumento do rendimento circulatório, obtém-se por meio de repetidas contracções musculares com pouca resistência.
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O aumento da destreza e da capacidade de reacção, obtêm-se por meio de exercícios precisos, que exijam o máximo de atenção por parte do aparelho sensorial.


Existem alguns métodos naturais que têm servido ao longo dos tempos, para reabilitar os desportistas e não só.
Exemplos de algumas terapias:

Fricções, Banhos, Duches, Efusões, Nascentes Terapêuticas, Hidroterapia, Ligaduras, Massagens, Ginásticas, Fototerapia, Roentgenterapia, Electroterapia, Diatermia e Galvanocáustica.
Nos estágios, de uma forma geral, em particular nos de Verão, estudos fisiológicos efectuados, dizem-nos que é necessário compensar a perda do glicogénio, devido ao esforço intenso e prolongado que advém das actividades normalmente desenvolvidas neste tipo de eventos.
Uma alimentação inadaptada às necessidades energéticas dos músculos, tem como certa a queda de reservas de glicogénio, sendo responsável pelo acidente, insónias, cansaço e pela fadiga.
É aconselhada uma alimentação com cerca de 55% de glúcidos, 30% de lípidos e 15% de proteínas, podendo aumentar os glúcidos até 70%, devendo estes ser consumidos antes do treino e logo no fim do mesmo.
Para o pequeno-almoço, são aconselhados cereais com leite e mel, carnes frias ou grelhadas e fruta madura. Para o almoço e jantar, ter em conta as percentagens atrás indicadas, devendo as refeições ser hiper hídricas, hipo calóricas e hipo protídicas.
Com este tipo de refeições, processa-se a hidratação do organismo, o que permite compensar as perdas hídricas, que são grandes em qualquer estágio, agravadas se este último decorrer no Verão, permitindo ainda a eliminação das toxinas acumuladas durante o esforço.


Possuir algumas noções sobre lesões traumáticas mais frequentes na prática de artes marciais, bem como a maneira de promover os primeiros tratamentos, até à chegada do médico, deveria ser uma das preocupações, não só dos professores como dos alunos. Destas salientamos:

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As contusões são devidas a traumatismos directos de maior ou menor violência, havendo um derrame hemático no seio dos tecidos e um estado reacional inflamatório que se processa nas horas seguintes.
Deve-se, portanto, fazer medicação analgésica e anti-inflamatória e, se for relativamente superficial, massagem com pomadas e até tratamentos de fisioterapia. Em casos de contusão muito violenta, deve manter-se imobilizada a zona durante alguns dias (fase aguda) até desaparecerem os sintomas em repouso. Só depois se deve começar a mobilizar lentamente, ao mesmo tempo que se farão as terapêuticas atrás apontadas, como complementos.
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As entorses são distensões ou rupturas de ligamentos articulares, podendo ir desde a simples ruptura de algumas fibras ligamentares até à ruptura total do ligamento, ficando a articulação com movimentos anormais.
Localmente, há uma dor à palpação e nas horas subsequentes estabelece-se um derrame no seio dos tecidos.

Se a ruptura dos ligamentos for total, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica ou, pelo menos, uma imobilização engessada adequada. Se for parcial, é suficiente a contenção local com uma ligadura adesiva ou elástica, fazendo-se acompanhar de medicação analgésica e anti-inflamatória, gelo local e inactividade durante cerca de 3 a 4 semanas.
As entorses mais vulgares são as do tornozelo, pé e punho, resultam de um movimento brusco para lá da amplitude normal da articulação.
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As distensões e rupturas musculares, sendo as primeiras mais frequentes, resultam de um esforço muscular em demasia, havendo ruptura parcelar de algumas fibras, podendo mesmo ocorrer a ruptura total ou à sua desinserção óssea. Este último caso é já do foro da cirurgia.
No caso de distensão muscular, devem fazer-se alguns dias de repouso, acompanhados de analgésicos, anti-inflamatórios e massagem suave para, posteriormente, se fazerem agentes físicos pelo calor e exercícios. As distensões mais frequentes são as dos músculos da coxa, do ombro e da região dorso lombar.
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As tendinites e miosites são inflamações quer dos tendões quer dos músculos e resultam de excesso de trabalho desses músculos ou, por vezes, de traumatismos, muitas vezes, de repetição ao nível dos tendões.
Tratam-se com repouso, na fase aguda e anti-inflamatórios, de forma geral, ou mesmo com infiltrações locais, seguidas de tratamento de fisioterapia pelo calor, particularmente, ondas curtas.
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A luxação é a perda de contacto entre duas superfícies articulares e resulta, regra geral, de um traumatismo bastante violento ao nível da articulação, podendo ou não ser acompanhada de fracturas. As luxações são extremamente dolorosas.



A mais frequente é, sem dúvida, a do ombro que depois de luxado, se desloca para baixo e para diante, não conseguindo o doente encostar o cotovelo ao tronco, ficando com o ombro rectilíneo (em cruzeta) e não arredondado como o do lado oposto.
 A sua redução imediata é fácil para um profissional de acção médica que normalmente procede do seguinte modo: com o doente deitado de costas, pega-lhe no membro luxado ao nível do punho, coloca o seu pé na axila e puxa pelo antebraço na direcção dos pés do doente. Sente um ressalto e o ombro fica igual ao do lado oposto. Deve-se, em seguida, imobilizar esta articulação durante três semanas, prendendo o braço contra o tronco e passando ligaduras à volta que enrolam o tórax, o braço e o antebraço que se encontra flectido a 90º.
Deve, em seguida, o doente dirigir-se a um centro hospitalar para ser radiografado, a fim de se constatar da eficácia da redução ou se há concomitantemente alguma fractura, pois estes casos têm de ser tratados por médicos traumatologistas.
A luxação do cotovelo é mais rara e de mais difícil redução, pelo que se deve  limitar a imobilizar com uma tala que desce desde a axila aos extremos dos metacarpos da mão, colocando o cotovelo flectido a cerca de 90º, procedendo, de seguida, ao envio do doente com urgência para um centro hospitalar, para que a luxação seja reduzida.
Se as dores forem muito violentas, pode ser ministrado um analgésico.
As luxações dos dedos reduzem-se fazendo tracção no sentido distal. A luxação coxofemoral é ainda mais rara, resultando de violento traumatismo e necessita, para a sua redução, quase sempre, de anestesia geral.
Muitas vezes, as luxações só se reduzem após anestesia e relaxamento muscular, pois a dor desperta uma contracção muscular reflexa que a nossa força não consegue superar.
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As fracturas, resultam de traumatismos, mais ou menos violentos, e há uma hipótese de continuidade na estrutura óssea, podendo haver ou não desvio dos topos.  Implicam sempre a imobilização e têm de ser observadas pelo médico especialista, pois, em muitos casos, necessitam de manipulações ou mesmo de tratamento cirúrgico.
Como norma geral, ao imobilizar-se uma fractura, deve imobilizar-se a articulação acima e abaixo do local fracturado para evitar qualquer movimento.
A imobilização provisória pode ser feita com talas de madeira, de chapa, etc., ou ainda, com folhas de ligaduras gessadas.
As fracturas das costelas tratam-se, fazendo o chamado enfaixamento torácico que consiste em passar uma ligadura bem apertada à volta do tórax.
A fractura da clavícula resulta quase sempre de quedas, em que se bate de lado com o ombro no chão. Imobiliza-se com uma ligadura que, passando por baixo das axilas e se vai cruzando atrás.
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As lesões meniscais resultam de movimentos bruscos e para além dos limites normais de torção do fémur sobre a tíbia que se encontra através do pé bem fixado ao chão. Há uma dor brusca e nas horas seguintes, o joelho começa a inchar ocorrendo dores e dificuldade de movimentação, sobretudo, da extensão total.
Deve aplicar-se gelo localmente, medicação geral com anti-inflamatórios, ligadura elástica, de seguida, o doente terá de ir a um médico especialista, pois, regra geral, este tipo de lesão requer tratamento cirúrgico.
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As feridas, muitas vezes superficiais, devem ser desinfectadas e feito o penso adequado. Se forem profundas, pode ser necessário suturá-las. A vacina anti-tetânica é aconselhável.