sábado, 16 de dezembro de 2017

HISTÓRIAS E LENDAS DOS VELHOS MONGES GUERREIROS (3)





“Mestre, como hei-de seguir um caminho tranquilo, quando o mundo raramente é tranquilo?

- A paz não reside no Mundo, mas no homem que segue o caminho.
- Mas, no meu caminho podem aparecer homens que não estejam em paz.
- Procura um caminho diferente.
- E se, por cada vez que o faça, me apareçam homens violentos que não amem a paz?
- Para alcançar a perfeição, um homem deve desenvolver igualmente a compaixão e a sabedoria.
- Mas, como evitar o confronto com um homem que quer lutar comigo?
- Num coração que bate em uníssono com a Natureza, ainda que o corpo lute, a consciência está em paz. E num coração que não esteja com a natureza, ainda que o corpo esteja tranquilo, há sempre violência. Sê, portanto, como a proa de um barco. Rasga a água e, no entanto, deixa-a intacta à tua passagem.
- Atinge a chama, rápida e impercetivelmente. Desta forma, a chama apagar-se-á. Mas a chama não deve ser tocada.
- Mestre, qual é o objetivo de um golpe tão difícil?
- Disciplina. Só deves atingir com tal força um ponto e nada mais.
- Estou perturbado. Aprendemos a tornar poderosa a força dos nossos corpos, contudo, ensinam-nos a respeitar todos aqueles que são contra o uso de tal força.

- Quando a tua vida for ameaçada, ou uma vida inocente, estarás preparado para as defender.
- Estando preparado melhor que os outros não devia combater sempre?
- E isso não é de um cobarde?
- O javali foge do tigre sabendo que cada um deles pode matar o outro. Ele salva a sua própria vida não a do tigre. Isso não é cobardia. É amor à vida. O que é a cobardia, se não a sabedoria do corpo que conhece a sua fraqueza? O que é a valentia, se não a sabedoria da força?

O cobarde e o herói estão juntos em cada homem. Por isso, chamar a um homem cobarde e a outro corajoso só serve para indicar as possibilidades de atingir o oposto.”



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