Nos campos de batalha assim como em duelos, os combatentes enfrentavam-se
como verdadeiros cavalheiros. Na batalha, um guerreiro costumava galopar até à
linha da frente inimiga para anunciar a sua ascendência, uma lista de feitos
pessoais, bem como as façanhas do seu exército ou de sua facção. Depois era
dado início aos combates. O mesmo acontecia num duelo. Antes de entrar em
combate, os samurais apresentavam-se, reverenciavam os seus antepassados e
enumeravam os seus feitos heróicos para depois entrarem em combate.
Fora do campo de batalha, o mesmo guerreiro que colhia cabeças como troféu
de combate era também um fervoroso budista. Membro da mais alta classe,
empenhava-se em atividades culturais, como arranjos florais (ikebana), poesia,
além de assistir a peças de teatro nô, uma forma de teatro solene e estilizada
para a elite e oficiar cerimónia do chá, alguns dedicavam-se a atividades
artísticas tais como a escultura e a pintura.
O estilo de vida e a tradição militar dos samurais dominaram a cultura
japonesa durante séculos, e permanecem vivos no Japão até aos dias de hoje.
Muitas crianças em idade escolar ainda praticam as habilidades clássicas do
guerreiro, entre elas a esgrima (kendo), arco-e-flecha (kyudo) e luta corporal
desarmada, como por exemplo o karate. Esta e outras artes marciais, fazem parte
do currículo da educação física no Japão atual.
Hoje o espírito
samurai continua vivo na sociedade. Através dele, o Japão é hoje uma das maiores potencias
mundiais.
A origem do nome samurai vem do verbo ‘saburau’ (servir, seguir o senhor).
Segundo o professor Rizo Takeuchi na sua obra “Nihon Shoki” (crônicas do
Japão), um dos livros mais antigos do país datado de 720 D.C. existem
referências de samurais como “saburai-bito” (pessoa que serve o patrão).
No início do período Heian (794-1192) , designava-se por ‘saburai’ aquele
que servisse o palácio da imperatriz, das concubinas do soberano ou príncipes
regentes da corte. Nessa época já havia uma hierarquia dentro do palácio para
com os ‘saburais’ , que encaixavam-se acima dos criados e outros servidores
comuns.
Mas, o saburai ainda não exercia funções militares, sendo assim, era apenas
um serviçal comum que não pertencia a nenhuma classe casta e nem era considerado
funcionário militar ou do governo. Não existiam na corte funcionários
encarregados das tarefas civis ou militares, ou seja, civis podiam ocupar
cargos de comando militar e vice-versa.
As raízes do samurai, ou indo mais a fundo, do seu espírito, podem ser
encontradas segundo os historiadores , em épocas bem mais remotas.Entre os
objetos encontrados nos famosos túmulos (kofun), datados entre o século IV, são
comuns encontrar armas e outros aparatos de guerra dos mais variados tipos,
como espadas, lanças, escudos, armaduras, capacetes, flechas e arcos.
Isso mostra que existiam guerreiros fortemente armados e prontos para a
luta, mesmo antes do aparecimento de registos históricos do país, como o
‘kanji’ (escrita chinesa, só introduzida no século VI no arquipélago nipônico).
Nos primeiros séculos da era cristã, foi formando-se o estado Yamato,
resultante de muitas lutas e derramamento de sangue entre os grupos tribais e
clãs.
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