terça-feira, 30 de abril de 2019

TEATRO KABUKI

Cartaz de Kabuki-za mostrando os principais artistas
O kabuki é realizado inteiramente por homens. Estranhamente, no entanto, esta forma de arte foi criada por Okuni , um funcionário do santuário feminino, no século XVII. Embora muito influenciado por um nobre aristocrático, o kabuki era um entretenimento amplamente popular para as massas. Uma grande parte da popularidade das primeiras performances femininas foi devida à sua natureza sensual. Os artistas também eram prostitutas e o público masculino muitas vezes ficava fora de controle. Como resultado, as mulheres foram proibidas de atuar pelo xogunato Tokugawa . Ironicamente, os jovens atores masculinos que assumiram o kabuki também se prostituíam e os distúrbios da audiência continuaram a surgir. Mais uma vez, o xogunato reprimiu e trupes compostas de atores mais velhos foram obrigados a realizar dramas mais formalizados e estritamente teatrais.  Mudanças foram feitas no tradicional palco do noh, como a adição de uma cortina de tração e um hanamichi (passarela) através do público para permitir entradas e saídas dramáticas.

Bando Tamasaburo em 'The Wisteria Maiden' (Fujimusume)
Amplamente considerado como o maior dramaturgo do Japão, Chikamatsu Monzaemon (1653-1724) passou a metade de sua carreira escrevendo dramas kabuki, embora as suas maiores obras fossem peças de fantoches Bunraku. Quando ele voltou para bunraku, muitos fãs foram com ele e os atores de kabuki começaram a incorporar elementos de bunraku numa tentativa de atraí-los de volta. Entre as grandes dinastias kabuki, a linha Ichikawa Danjuro é talvez a mais conhecida e continua até hoje. Ichikawa Danjuro II (1688-1758) estreou grandes trabalhos e adaptou peças de marionetas para o palco do kabuki. Os sucessores desempenharam um papel importante no aumento do status do kabuki na sociedade. Outras grandes dinastias de atuação incluem Onoe Kikugoro e Bando Tamasaburo.


Os atores que desempenham papéis femininos são conhecidos como onnagata ou oyama , como Bando Tamasaburo (acima). Como o kabuki ganhou um nível de respeitabilidade, a importância desses papéis aumentou. O primeiro grande onnagata foi Yoshizawa Ayame I (1673-1729). Muitos dos grandes atores do kabuki construíram a sua reputação apenas nesses papéis. As performances não são tanto "atuantes" no sentido ocidental quanto representações estilizadas da beleza ou virtude feminina. Enquanto os primeiros onagatas eram obrigados a manter sua personagem feminina e vestir-se até mesmo nas suas vidas privadas, essa prática foi abolida na Restauração Meiji de 1868.

O Kabuki é realizado num palco grande e giratório e tem dispositivos de palco familiares, como cenários e alçapões para entradas surpresa. Kamite (estágio à esquerda) é frequentemente onde se verá os personagens importantes ou de alto nível, enquanto o shimote (estágio à direita) é ocupado por personagens de baixa classificação. Atores executam kata (formulários) como eles foram realizados ao longo das gerações. Um exemplo é uma atitude ou uma atitude marcante, muitas vezes com os olhos cruzados e uma expressão exagerada de efeito dramático.


aragoto ou "estilo bruto" de atuação é exemplificado por um exagero e maquiagem dramática e fantasiosa. Está associado à linha Ichikawa Danjuro, da qual o jovem príncipe agora é Ichikawa Ebizo (à esquerda). Pessoas  na platéia participam da ação, chamando o yago(casa ou nome da família) dos atores em momentos determinados na apresentação. Os papéis normais do kabuki masculino incluem o amante bonito, o herói virtuoso ou o samurai do mal; para um onnagata, os papéis incluem a dama samurai de alto escalão, a jovem ou a mulher perversa.

O kabuki tradicional é altamente melodramático, mas estritamente histórico. Como o trabalho de Shakespeare, as velhas histórias e personagens nas peças são todos familiares para aqueles que conhecem, embora a linguagem em si seja frequentemente antiquada e difícil de seguir. Mas enquanto as obras-primas do Bardo ainda são muito populares entre todas as idades, o kabuki deixou de ter interesse para os japoneses mais jovens. As plateias tendem a ser formadas por pessoas mais velhas.  Uma das histórias mais famosas,Chushingura - um conto de vingança e lealdade - deve a maior parte da sua popularidade hoje às suas muitas adaptações cinematográficas. Vários atores e trupes trabalharam para incorporar elementos de vanguarda ao kabuki e trabalharam em outras áreas, como TV e cinema. Os próprios atores parecem estar bem, pelo menos os das famosas dinastias kabuki. As suas vidas privadas fazem capas de jornais e revistas isto faz acreditar que ainda há vida na velha forma de arte.

Kabuki é um verdadeiro espetáculo teatral, combinando forma, cor e som numa das grandes tradições teatrais do mundo. Mas, no que diz respeito à cultura japonesa em questão, meia hora no teatroKabukiza em Tóquio, Shin-Kabukiza em Osaka ou Minamiza em Kyoto é provavelmente um momento a não perder. Em Kabukiza, por exemplo, há uma bilheteira separada para lugares no 4º andar, onde só é possivel ver uma única parte do programa por apenas 500 ienes (3 euros). Os lugares para o programa completo variam de preço de 2.400 iene (18 euros) para 16,000 iene (125 euros). Um "Guia de Fone de Ouvido" em inglês está disponível (exceto no 4º andar) para resumir o que está a acontecer em palco.

Em novembro de 2005, a UNESCO anunciou a decisão de designar o kabuki como uma das Obras-Primas do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade.



sábado, 20 de abril de 2019

ALGUNS DOS SAMURAIS MAIS IMPORTANTES

Minamoto no Tametomo ( 1139 a 1170)

Também conhecido como Chinzei Hachiro Tametomo,  tornou-se famoso pela sua incrível habilidade com a espada e destreza em disparar flechas a cavalo. Tametomo que tinha o braço esquerdo mais comprido do que o direito, algo que ele utilizava como vantagem. No entanto, depois de ser capturado e de ter o seu braço esquerdo decepado pelos seus inimigos, Tametomo tirou a própria vida.
 

Tomoe Gozen (1157 a 1247)
Surpreendentemente, Tomoetomo Gozen não foi um guerreiro, mas uma guerreira, sendo uma das poucas samurais conhecidas. Era descrita como uma belíssima mulher com longos cabelos negros que, além de ser extremamente corajosa, era capaz de combater ferozmente deuses e demónios. Tomoe não só participou da primeira grande batalha entre várias forças samurais, como sobreviveu ao confronto, retirando-se da carreira militar depois desse sangrento evento.

Kusunoki Masashige ( 1294 a 1336)
Masashige  transformou-se no ícone da lealdade samurai, a sua imagem foi utilizada durante a Segunda Guerra Mundial como símbolo nacional da propaganda militar japonesa. Foi um extraordinário estrategista, e acredita-se que  cometeu o seppuku (ritual suicida samurai) depois do imperador a quem ele servia ignorar os seus conselhos durante uma guerra, o que resultou na perda da mesma, embora não tenha sido por sua culpa. 

Takeda Shingen ( 1521 a 1573)
Chefe de um famoso clã, Takeda Shingen liderou cerca de 40 campanhas durante a sua carreira, incluindo uma das batalhas entre samurais mais sangrentas da História. Além disso, este guerreiro era fascinado por armas de fogo e acreditava que esses artefactos um dia substituiriam as espadas, os arcos e as flechas. Os historiadores acreditam que Shingen, ironicamente, morreu de um tiro. 

Oda Nobunaga ( 1534 a 1582 )
Considerado um dos mais habilidosos generais da idade média, Nobunaga foi um dos unificadores do Japão feudal durante um período em que o país se encontrava próximo do caos e alguns clãs decidiram invadir a capital e tomar o poder. Nobunaga, embora estivesse no comando de um exército muito menor, conseguiu vencer os inimigos e conquistar a vitória mais impressionante da história do Japão.
Além dessa façanha, Nobunaga também ficou conhecido por ajudar grandemente na expansão do comércio internacional, resultando num crescimento significativo da economia japonesa. Apesar de sua enorme popularidade, o samurai foi traído por um dos seus generais, que ordenou o seu assassinato.




sexta-feira, 12 de abril de 2019

CERÂMICA JAPONESA


A porcelana oriental sempre foi vista pelos ocidentais com grande admiração, tornando-se inclusive, um símbolo de status. Essa admiração fomentou um intenso comércio entre os dois lados do planeta em épocas passadas, intensificando as idas e vindas de embarcações, com esse e outros produtos igualmente valorizados.
As invasões da Coreia realizadas no final do século XVI pelas tropas do líder militar Hideyoshi Toyotomi, que então dominava o Japão, possibilitou um contato directo dos nipónicos com a excelência da cerâmica coreana, que já era apreciada neste país pela técnica superior de fabricação, em especial, a delicada vitrificação.


O chefe feudal Nabeshima, que também participara da invasão, forçou o mestre coreano Ri Sampei e o seu grupo de ceramista a vir ao Japão exercer a sua arte. Conta-se que o mestre coreano descobriu um grande depósito de caulim (argila branca) na montanha Izumi, na cidade de Arita, da atual província de Saga, e a partir desse momento começaria pela primeira vez a produção de porcelana branca no Japão, que logo passou a ser comercializada para os outros clãs feudais e também a ser exportada para outros países.


Essa produção era escoada pelo porto de Imari, próximo à região fabricante e, por essa razão, a porcelana de Arita passou a ser denominada em Imari. Já as procelanas de Arita produzidas no século XVII e XVIII são especialmente chamadas de Ko-Imari (Imari Antiga).


Durante muito tempo o Japão manteve fechado o seu comercio com outros países, a partir de 1653, apenas a China e a Holanda mantiveram intercâmbio com o Japão através do porto de Dejima, em Nagasaki, o único ponto em todo o arquipélago que estava aberto ao contacto com estrangeiros, ainda assim restrito a esses dois países.
Foi por ali que uma enorme quantidade de porcelana de Arita foi exportada para o Ocidente através da Companhia das Índias Orientais Holandesa, que trazia especiarias e retornava com cerâmica e outros produtos orientais muito apreciados, como por exemplo a seda.


A partir de meados do século XVII, as disputas internas durante o final da dinastia Ming criou dificuldades para manter relações comerciais com a China e foi então que se intensificou a importação da porcelana de Arita. Calcula-se que cerca de 2 milhões de peças foram produzidas pelos artesãos da pequena cidade japonesa exclusivamente para serem exportadas para a Europa e outros países.
O que elas possuem como característica diferencial é que foram produzidas como modelo de exportação, isto é, com padrões de forma e estilo de pintura de acordo com as encomendas feitas pela companhia holandesa, de modo a agradar os gostos requintados da nobreza ocidental da época. São, justamente, algumas dessas peças exportadas para o Ocidente e para alguns países asiáticos que foram resgatadas pelo colecionador japonês Tohru Toguri, que poderão ser vistas em Tóquio no Museu com o seu nome.


Um dos mais famosos centros produtores de cerâmica do Japão é a cidade de Arita. Cerca de 150 fabricantes estão instaladas na região, onde trabalham mais de 6 mil artesãos na produção não só de finas peças artísticas, como também de uma infinidades de produtos para uso diário.


quarta-feira, 3 de abril de 2019

KANJI – ESCRITA JAPONESA



Dos três sistemas da escrita utilizada no japonês, o Kanji é o último que se aprende sendo o mais interessante. Observado um texto em japonês, podemos reconhecer os Kanjis como as letras mais elaboradas (as famosas “casinhas”), apesar de também existirem Kanjis extremamente simples.

Os Kanjis tiveram origem na China há milhares de anos atrás e parte deles foram trazidos para o Japão por volta do século IV, passando assim a fazer parte do sistema de escrita japonesa. Por mais que aos olhos de um leigo o japonês e o Chinês pareçam semelhantes, as semelhanças são poucas.


As características mais marcantes do Kanji é o facto de cada símbolo possuir um significado único. Cada símbolo representa uma ideia.

1 Kanji que significa amor
2 Kanji que significa estudos
3 Kanji que significa pássaro
4 Kanji que significa paz

Na escrita japonesa, grande parte das palavras são escritas em kanji. Misturam-se com os outros dois sistemas de escrita (hiragana e katakana) e assim são formados os textos em japonês. Cada kanji possui algumas formas com que pode ser lido, sendo que dentro das palavras, eles sempre possuem uma leitura única.

Vejamos um exemplo:

1 大きい Grande (OOKII)
2 大学 Universidade (DAIGAKU)

Na primeira palavra, o kanji é lido como “OO”. Note que ainda faz parte a mesma palavra os hiraganas きい. Já na segunda palavra, o mesmo kanji é lido como だい. O seu significado nunca muda, mas o que importa no fim das contas é o significado da palavra na qual ele está sendo utilizado.

Uma placa de aviso em japonês, onde os kanjis são utilizados para escrever palavras.
Basicamente, os kanjis são utilizados para escrever palavras, nada mais do que isso. Grande parte das palavras em japonês são escritas utilizando dois kanjis. Algumas são formadas por um só, algumas por três, outras por quatro e assim por diante. Este é o erro número um dos métodos de estudo de japonês, no que diz respeito a kanji: Eles focam mais nas informações isoladas do kanji do que no seu uso prático, no caso, as palavras.

Uma palavra em kanji com a maneira com que eles devem ser lidos em cima, prática chamada de “furigana”

Hoje, o número de kanjis de uso diário é de 2136 símbolos. Mas não é necessário saber todos para ler e escrever japonês. Muitos deles são raros e aparecem apenas em textos com um vocabulário muito específico. Há uma estimativa que, com apenas 1080 kanjis, é possível ler mais de 80% do conteúdo do japonês.

A palavra “sucesso” escrita em kanji