Os
benefícios que a prática das artes marciais e, em particular do
Karate, produzem no organismo humano são inúmeros.
Antes
de mais, sabemos que, como qualquer outro tipo de exercício,
realizado de forma e intensidade adequada, permitirá aos seus
praticantes obter uma série de vantagens comuns a todo o
funcionamento fisiológico do organismo.
Para
melhor compreendermos o que se passa no nosso corpo, ao praticarmos
exercícios físicos, temos, antes de mais, perceber que ele é um
todo indivisível, pelo que, qualquer benefício ou prejuízo
produzido numa das suas partes se repercutirá no conjunto harmonioso
do todo.
O Karate, como atividade física e sob a perspetiva de formação e desenvolvimento humano, pode considerar-se uma modalidade de privilégio:
- Sendo inúmeras as técnicas (movimentos e trajetórias) susceptíveis de serem produzidas pelo treino de Karate, afirma-se como uma excecional e de rara utilidade, no desenvolvimento psicomotor dos seus praticantes.
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São milhares as sequências técnicas possíveis; por isso, a dedicação diária durante toda a vida seria insuficiente para o conhecimento e execução correta das mesmas.
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As técnicas do Karate solicitam com igual ênfase os braços e as pernas, tanto do lado esquerdo como do lado direito, assegurando um desenvolvimento equilibrado, uniforme e harmonioso.
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Pela circunstância de ser uma modalidade que estuda o “combate à distância”, o Karate exige, preferencialmente, o desenvolvimento de qualidades físicas como a velocidade, a flexibilidade e a agilidade, traduzindo-se na formação de corpos elegantes, descontraídos e ágeis.
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Como acontece, na maioria dos “desportos de combate” ,sempre que acompanhados de um processo pedagógico adequado, o Karate revela-se de grande importância para o desenvolvimento da “autoconfiança” contribuindo para uma personalidade com forte determinação e combatividade mas, ao mesmo tempo, sóbria, controlada e consciente.
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O constante treino e aperfeiçoamento das técnicas de karate, permite a aquisição de elevados níveis de energia nos braços e nas pernas, ao mesmo tempo que se treina o controlo desses movimentos.
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O Karate torna-se numa modalidade de luta em que poderosíssimas técnicas são dirigidas ao adversário sem, contudo, pôr em perigo a integridade física deste.
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De acordo com as características enunciadas, pode ser praticado por crianças e jovens numa perspetiva de formação e desenvolvimento; pelos escalões intermédios com o objetivo da competição ou meramente como arte de movimento e expressão corporal; como exercício de manutenção pelas pessoas de idades mais avançadas, ou ser usado como fisioterapia. Pode ainda ser praticado como arte marcial, na verdadeira acepção da palavra ( forças militares e paramilitares).
Na
infância (dos 6 aos 10 anos) e no início da adolescência (dos 11
aos 18 anos), é de extrema importância o correto desenvolvimento
somático (esquelético e muscular), devendo procurar-se um perfeito
desenvolvimento do indivíduo, evitando qualquer técnica ou
exercício que possa comprometer a normal evolução harmoniosa do
conjunto.
Deverão
estabelecer-se as bases de uma correcta adaptação fisiológica ao
exercício, ao mesmo tempo que os alunos se acostumam de forma
progressiva a superar a fadiga, aproveitando ao máximo as suas
capacidades nessas idades: vivacidade de reflexos, elasticidade,
flexibilidade e agilidade.
É
também nesta fase que se corrigem ou evitam erros, por vezes,
frequentes na infância, como a má coordenação motora ou a falta
de atenção, enquanto , no aspeto psíquico, o indivíduo,
brincando, vai educando e fortalecendo o seu corpo e estabelecendo as
bases da aprendizagem de algumas técnicas que memoriza, lembra e
executa de forma lógica e coerente.
Ou
seja, trabalha a sua mente em função da memória, coordenação e
imaginação para a execução dos katas e da capacidade decisiva de atuação num dado momento.
No
que respeita ao convívio e formação de carácter, as artes
marciais permitem a libertação de uma série de inibições e
facilitam o trato num ambiente diferente do meio familiar ou
académico, além disso, oferece uma normativa ética de
comportamento para os seus companheiros e mestre, diferente do
habitual.
No
final da adolescência, na área física, uma vez finalizado ou a
finalizar o desenvolvimento do indivíduo, há que manter a potência,
musculação e capacidade de resistência. Pelo contrário, os aspetos psicológicos e comportamentais transcendem as interrogações
e dúvidas de toda a ordem que surgem nessa época da vida.
Uma
sólida formação e um carácter equilibrado, vão evitar numerosos
problemas. Por conseguinte, adquirir nessa período da vida, o mais
alto equilíbrio psicológico e físico, dentro de uma linha de
comportamento adequada, numa mente habituada à análise dos seus atos e reações, é o melhor que as artes marciais podem conferir
aos seus praticantes.
Na
juventude (dos 19 aos 35 anos), as artes marciais ajudarão a
potenciar a capacidade física: muscular, respiratória e cardíaca,
assim como, aperfeiçoar o controle, aproveitando ao máximo essas
mesmas capacidades.
É
a época da competição, tendo o indivíduo tendência para se medir
com os seus iguais. Psicologicamente e, independentemente dos
benefícios obtidos até este momento, nesta fase alcança-se o
máximo de segurança e confiança nas próprias capacidades.
Existem
alguns problemas quando se inicia a prática das artes marciais em
adulto (dos 35 anos em diante), principalmente, quando não existem
hábitos desportivos, naturalmente, problemas que se prendem não só
com aspetos físicos, mas também mentais.
Pelo
contrário, os indivíduos adultos, com uma prática regular de artes
marciais apresentam tendência para manter a prática do exercício
físico e conseguir atrasar, na medida do possível, a ação
desgastante dos anos, conservando o seu tónus muscular, agilidade,
sentido do equilíbrio e resistência.
Por
último, a experiência acumulada nos anos de prática permitirá
obter algo mais importante: a aproximação ao conhecimento das suas
próprias capacidades, limitações e identidade.
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