segunda-feira, 12 de outubro de 2020

KARAKAMI – UMA ARTE MILENAR JAPONESA

 

A técnica de impressão Karakami  é originária da China e foi trazida para o Japão durante o período Nara. Trata-se de uma arte artesanal que ainda está muito presente nas casas japonesas nos dias de hoje.

Como sabemos, a arte com papel faz parte da cultura japonesa. Origami é um exemplo disso, assim como o Karakami, que foi muito usada por aristocratas do período Heian para escrever os seus poemas, utilizando papel, pigmentos e xilogravuras. Já no período Edo, a arte  popularizou-se, tornando-se acessível para a grande maioria da população japonesa.

Os motivos impressos são variados tais como flores de cerejeira e dragões chegando a inspirar vários artistas europeus no século XIX. Simplificando, o Karakami é como um tipo de xilogravura, onde se usa madeira de magnólia esculpida à mão com padrões tradicionais.


Os artesãos japoneses são muito perfecionistas e habilidosos. Para além disso, a paciência e a dedicação são notórias no processo de criação do Karakami, uma arte milenar que atravessou gerações e que requer muita precisão e atenção aos mínimos detalhes para que tudo fique perfeito.

Atualmente existem poucas lojas de Karakami no Japão. Na maioria das vezes os conhecimentos são transmitidos de pai para filho, como no caso de uma família em Kyoto que tem preservado esta forma de arte tradicional há quase 400 anos.

 


Como é feito o Karakami

O Karakami começou em Kyoto (antiga capital japonesa) durante o período Heian. Era usado especialmente para decorar o Shojifusuma (telas de papel para portas de correr) em casas Shinden-zukuri, pertencentes a samurais e famílias da mais alta sociedade japonesa. Essas casas eram verdadeiros palácios, com um estilo arquitetónico único.

 


A técnica usada na fabricação de Karakami pode parecer muito semelhante ao método nishiki-E (quadro brocado) ou ao método de impressão têxtil, mas na verdade são técnicas bem diferentes.

O Karakami é produzido por um método tradicional, onde artesãos criam esculturas de impressão mais profundas num tipo específico de madeira chamado Magnoliaobovata.

O tamanho do bloco de madeira varia dependendo do tamanho do papel.

Os materiais de coloração chamados de kira e gofun, são adicionados à sua superfície e o artesão cuidadosamente coloca uma folha, de cada vez, sobre a superfície de modo que o projeto, com os padrões específicos sejam copiados para o papel washi ou papel torinoko.

 


Antes disso, o papel é pintado com corante para fixar a cor de fundo, mas ao invés de se usar um pincel normal, os artesãos utilizam gaze de seda esticada sobre um anel de madeira, onde é inserido os corantes. Estes são confecionados a partir de uma mistura de mica em pó (gofun), pasta de arroz (nori) e pigmento feito com pasta de algas (funori).



O verso do papel é friccionado com a palma da mão e isso faz com que os desenhos tenham uma aparência suave, fazendo com que se pareçam com impressões e não como estampados. Outra característica marcante do Karakami  é que os pigmentos utilizados deixam um efeito de brilho aos desenhos, especialmente quando expostos à luz do ambiente.


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