A técnica de impressão Karakami é originária da China e foi trazida para o Japão durante o período Nara. Trata-se de uma arte artesanal que ainda está muito presente nas casas japonesas nos dias de hoje.
Como sabemos, a arte com papel faz parte da
cultura japonesa. O Origami é um exemplo
disso, assim como o Karakami, que foi muito usada por aristocratas do período Heian para escrever os seus poemas, utilizando
papel, pigmentos e xilogravuras. Já no período Edo, a arte popularizou-se, tornando-se acessível para a
grande maioria da população japonesa.
Os motivos impressos são variados tais como
flores de cerejeira e dragões chegando a inspirar vários artistas europeus no
século XIX. Simplificando, o Karakami é como um tipo de xilogravura, onde se
usa madeira de magnólia esculpida à mão com padrões tradicionais.
Os artesãos japoneses são muito
perfecionistas e habilidosos. Para além disso, a paciência e a dedicação são
notórias no processo de criação do Karakami, uma arte milenar que atravessou
gerações e que requer muita precisão e atenção aos mínimos detalhes para que
tudo fique perfeito.
Atualmente existem poucas lojas de Karakami
no Japão. Na maioria das vezes os conhecimentos são transmitidos de pai para
filho, como no caso de uma família em Kyoto que tem preservado esta forma de
arte tradicional há quase 400 anos.
Como é feito o Karakami
O Karakami começou em Kyoto (antiga
capital japonesa) durante o período Heian. Era usado especialmente para decorar
o Shojifusuma (telas de papel para portas de correr) em casas Shinden-zukuri, pertencentes
a samurais e famílias da mais alta sociedade japonesa. Essas casas eram verdadeiros
palácios, com um estilo arquitetónico único.
A técnica usada na fabricação de Karakami
pode parecer muito semelhante ao método nishiki-E (quadro brocado) ou ao método
de impressão têxtil, mas na verdade são técnicas bem diferentes.
O Karakami é produzido por um método
tradicional, onde artesãos criam esculturas de impressão mais profundas num
tipo específico de madeira chamado Magnoliaobovata.
O tamanho do bloco de madeira varia
dependendo do tamanho do papel.
Os materiais de coloração chamados de kira e gofun, são
adicionados à sua superfície e o artesão cuidadosamente coloca uma folha, de
cada vez, sobre a superfície de modo que o projeto, com os padrões específicos
sejam copiados para o papel washi ou papel torinoko.
Antes disso, o papel é pintado com corante
para fixar a cor de fundo, mas ao invés de se usar um pincel normal, os
artesãos utilizam gaze de seda esticada sobre um anel de madeira, onde é
inserido os corantes. Estes são confecionados a partir de uma mistura de mica
em pó (gofun), pasta de arroz (nori) e pigmento feito com pasta de algas
(funori).
O verso do papel é friccionado com a palma
da mão e isso faz com que os desenhos tenham uma aparência suave, fazendo com
que se pareçam com impressões e não como estampados. Outra característica
marcante do Karakami é que os pigmentos utilizados deixam um efeito
de brilho aos desenhos, especialmente quando expostos à luz do ambiente.
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