terça-feira, 7 de junho de 2022

KATAS 2

 


Para a execução perfeita (pressupondo que a perfeição existe) de um kata, devemos

considerar:

A execução correta acontece, quando o aluno efetua cada movimento exemplarmente, sem erros. O número e sequência dos movimentos são determinados e o aluno deverá executá-los todos.

 

O treino intensivo é necessário para assegurar que cada kata comece e termine no mesmo lugar. O Embusen é o guia, desde que todos os movimentos do kata são efetuados a partir dele. Passos errados ou de comprimento inapropriado causarão erros.

 

O aluno deverá perceber perfeitamente e expressar completamente o significado de cada movimento, ofensivo ou defensivo. Cada kata tem as suas características próprias, que deverão ser claramente interpretadas e mostradas durante a respetiva execução.

 

É essencial o conhecimento do objetivo. Sem perder este conhecimento, o karateca deverá também considerar outras possíveis fontes de ataque. Deve estar seguro do seu objetivo e saber quando atacar. Ao executar o kata, o aluno deverá estar consciente da intenção de cada deslocação.

 

Um ritmo correto, de acordo com as três regras do ritmo, ou seja, a condição necessária e suficiente para que o kata tenha um Zanshin (fim correto). As três regras são: Utilização da força no momento exato, harmonia de movimentos e flexibilidade do corpo.

 

O tempo de cada kata corresponde ao número de posições desse kata. Este tempo é dado pelo instrutor, se houver algum presente, que dividirá o kata em movimentos separados, dando intervalos maiores aos alunos iniciados. Algumas posições são mantidas o tempo necessário para completar a técnica correspondente, mas outras têm uma pausa de cerca de um segundo em determinados pontos. O tempo total varia com o kata. Para o Heian I é cerca de 45 segundos; para a Tekki I, também 45 segundos.

 

Uma respiração certa é importante. O executante exala quando vai para a posição de cada fase e inala no começo do movimento seguinte. Relacionado com a respiração, há, perto do meio da maior parte dos katas, um grito chamado Kiai. A respiração é exalada fortemente, contraindo o abdómen e dando aos músculos uma força extra. Isto acontece no momento de tensão máxima.

 


O que se deve e o que não se deve fazer no treino do kata:

 

Nunca efetuar movimentos precipitados. Deve-se estar sempre consciente do tempo correto de cada movimento.

 

Manter-se calmo.

 

Praticar todos os dias, nem que seja só por alguns minutos. Lembre-se que o resultado da prática é cumulativo.

 

Concentre-se no kata que, para si, for difícil.

 

Esteja sempre consciente da relação que existe entre treino do kata e combate.

 

Nenhum kata se poderá considerar perfeito sem um final perfeito ou correto.

O exercício pode ser brilhantemente executado, mas no karaté, tal como em qualquer outra arte marcial japonesa, é atribuída uma grande importância ao final e a perfeição é o único critério.

Como o final é também o ponto de preparação para o exercício seguinte, o karateca não se deve descontrair.

 



terça-feira, 31 de maio de 2022

KATAS 1

 


O Kata significa forma. É o nome generalista dado a um exercício de treino de Karaté, constituído por um conjunto ordenado e codificado de ações técnico-táticas de combate, executadas de forma encadeada sem oposição, permitindo o treino solitário ou em grupo. São, se assim se pode dizer, as figuras impostas do karaté.

Cada Kata tem um nome específico (Enpi, Jion, Hangetsu, entre outras) e acabam também por ser enquadrados como instrumentos culturais, transmitidos no seio das escolas de Karate. Aos olhos de um leigo, os katas constituem uma série de gestos no vazio. Para melhor os convencer da sua importância, sublinha-se que os japoneses têm uma bela imagem para falar dos katas, considerando-os como a gramática do karate, sendo o Kihon a-b-c-  e o ju kumite a redação.

A execução de um ou vários katas é exigida nos exames de passagem de graus, katas que são de grau mais ou menos elevado. O seu estudo é capital para o karateca, porque os katas são, de facto, um combate teórico contra vários adversários ao mesmo tempo. São, sobretudo, os kata ajudam a desenvolver a capacidade da imaginação aplicada ao combate, atribuem-se-lhes também efeitos benéficos na coordenação física e respiratória, no sentido do ritmo e na concentração, assim como na saúde. Quando são praticados corretamente, contribuem também para superar o medo que alguns karatecas têm dos exames.

Os mestres antigos, serviram-se deles para divulgar os seus conhecimentos. Transmissores de técnicas, de táticas de combate, os katas, contêm mensagem codificada a vários níveis que só revelam os seus segredos após muitos e longos anos de prática intensiva.

Há quem considere o kata como a única forma de treino real. O único modo de poder adquirir as sensações, excitações, perigos, medos, esgotamento e a força que surgem durante um combate de rua, em que o indivíduo se encontraria, segundo a segundo, entre a vida e a morte. O kata pode na realidade, proporcionar a vivência dessas sensações.

 



terça-feira, 19 de abril de 2022

ESCOLA JAPONESA

 

Uma das valências mais importantes na vida é sem dúvida, a responsabilidade. Acreditamos que logo desde a infância se deve cultivar o sentido de responsabilidade, com a imposição de regras, fazendo ver às crianças todos os direitos e deveres que têm enquanto parte de uma sociedade. É nas escolas que esse trabalho deve começar a ser feito, tendo, claro, continuidade em casa, junto dos pais.

Em Portugal, ultimamente, existem muitos problemas a esse respeito, especialmente no cumprimento de regras nas escolas, o que acaba por se tornar um problema a curto/médio prazo.

Foi por isso que a cultura escolar japonesa nos surpreende imenso, têm algumas regras nada convencionais para os nossos padrões e que são aplicadas por eles, que possivelmente não funcionariam no nosso país.

Pontualidade

A pontualidade é algo fomentado em todas as escolas do mundo, ou pelo menos deveria ser. Porém, em diversas escolas do Japão, os alunos devem chegar exatamente às 8h30 da manhã. Caso se atrasem 5 minutos que seja, serão punidos, terão de chegar à escola mais cedo nos dias seguintes, bem como ajudar na limpeza do ambiente.

Limpeza

Nas escolas japonesas não existe nenhuma equipe de limpezas contratada. No país, cada estudante faz a sua parte ajudando na limpeza das salas de aula, casas de banho e corredores. Entre as tarefas estão, varrer, esfregar e apagar tudo o que estiver escrito no quadro.

Alimentação

Nas escolas do Japão, os alunos tomam as suas refeições na própria sala de aula. Desperdiçar comida é algo que não é sequer opção, devem comer tudo o que está no prato.


Aulas extras

As aulas de natação fazem parte do currículo obrigatório de todos os alunos no Japão, a maior parte das escolas tem piscina própria. Os alunos são obrigados a frequentar até que sejam capazes de nadar uma distância mínima, caso não sejam capazes durante o período curricular, são obrigados a treinar durante o verão.

Vestiário

Não é uma situação que ocorra em todas as escolas japonesas, ainda assim, em grande parte, são obrigados a usar uniforme e não podem mudar a aparência. Por exemplo, os alunos estão proibidos de se maquiarem, pintar cabelos ou unhas.

Fins de semana

O governo alterou, em 1992, o período do final da semana para 2 dias. E mesmo com essa regra algumas escolas ainda têm aulas aos sábados.

Férias de verão

Ao contrário do nosso país, usufruem de apenas de 4 a 5 semanas. Como se as férias não fossem já pequenas, os alunos ainda são obrigados a passar esse tempo (ou grande parte dele) estudando, ou participando em clubes escolares.

Professores

Naturalmente os mais velhos são saudados pelos mais jovens. Para cumprimentar os professores os alunos curvam-se antes e depois da aula.

Telemóveis

Todos sabemos que o Japão é um país com uma grande evolução tecnológica, porém, e apesar disso, os alunos não podem usar telemóveis durante a aula, apenas na entrada ou entre as aulas.



segunda-feira, 14 de março de 2022

INO TADATAKA - O TOPOGRAFO MAIS IMPORTANTE DO JAPÃO - Período Edo

 

Durante o último século do período Edo, Ino Tadataka, cartógrafo e topógrafo, não apenas soube como se localizar como foi o primeiro japonês a mapear o Japão utilizando métodos modernos.

Embora a maioria das cópias originais dos mapas feitos se tenham perdido entre incêndios e desastres naturais, uma pequena coleção particular classificada como tesouro nacional ainda existe.

Nascido em 1745, em Kujūkuri, uma pequena cidade na antiga província de Kazusa (atual província de Chiba) era filho de um homem influente.

No entanto, teve uma infância conturbada após a morte da mãe aos 6 anos de idade. Como o pai tinha o sobrenome da família da sua esposa foi obrigado a sair da casa. Essa separação familiar durou quatro anos.

Apesar dos problemas familiares, era um excelente aluno com aptidões excepcionais para matemática. Observar as estrelas era o seu passatempo.

Quando atingiu 17 anos, casou com uma mulher de uma família mercante da região de Sawara, o clã Inō.

Foi durante o período em que geriu os negócios familiares que Ino Tadataka fez o seu primeiro mapa do rio Tone. Foi importante para o controle das enchentes e para a criação de um sistema de irrigação para a agricultura de toda a região.

O resultado do seu trabalho foi reconhecido pelo Daimyo local que o concedeu o direito de possuir uma espada e ter um sobrenome oficial (restrito à aristocracia japonesa até o período Meiji).

 Ao ser adotado pelo clã, passou a utilizar os seus conhecimentos para aumentar os negócios da família que sofriam com a decadência de uma má administração.

Seus esforços em administrar os negócios da família, liderar a região (inclusive em tempos de fome racionando adequadamente as porções de comida a cada família) e a versatilidade de suas capacidades foram reconhecidos.

Mas aos 49 decidiu deixar os negócios da família com seu filho e mudou-se para a antiga Edo (Tokyo) no distrito de Fukagawa.

Uma vez na futura capital japonesa, Ino transformou a sua casa num observatório. Quando finalmente se “reformou”, tornou-se aluno do astrónomo mais importante de Takahashi Yoshitoki.

Essencialmente, o trabalho de Takahashi era cuidar e rever os calendários japoneses, porque dominava a astronomia chinesa e ocidental além de outros conhecimentos naturais.

Graças aos conhecimentos adquiridos pelo seu tutor, Ino Tadataka começou a tentar medir o tamanho da terra com técnicas modernas de investigação.

A sua ideia inicial era medir a distância entre o palácio do Shogun até à sua casa, porém, de forma sucinta o seu mentor Takahashi alertou que a mediação mínima deveria ir de Edo até a ilha de Ezo em Hokkaido.

O primeiro trabalho de medição e de mapeamento do Japão utilizando os métodos mais avançados começaram em 1800.

Aos 55 anos de idade, Ino Tadataka solicitou ao governo do Shogun uma expedição à ilha Ezo para mapeá-la. Na ocasião era habitada pelos Ainu.

Apesar do ceticismo do Shogun, a expedição era uma excelente oportunidade para o governo ficar com um melhor conhecimento da região.

Como a ilha era um lugar praticamente fora do controle governamental e alvo de constantes invasões da marinha russa, o Shogun Ienari decidiu integrá-la ao Japão. Mapeá-la seria a primeira etapa.

O resultado da pequena equipe liderada por Ino impressionou diversos membros da burocracia governamental do Japão.

Os resultados dos mapas eram semelhantes ao do famoso astrónomo francês Jérôme Lalande, uma referência astronómica do céu japonês da época.

Depois de mapear a ilha Ezo durante seis meses, o mais importante cartógrafo e topógrafo da história do Japão, mapeou o norte de Honshu e a parte central da ilha.

Essa pesquisa levou cerca de três anos para ser concluída. No entanto, o resultado apresentado ao Shogun Tokugawa Ienari foi tão impressionante e preciso que Lenari nomeou-o chefe do escritório de mapas.

Até então, o governo do Japão forneceu uma ajuda financeira praticamente simbólica, mas após o trabalho em Honshu, Lenari decidiu que a expedição fosse paga pelo governo central.


Foi então pedido a Tadataka que mapeasse as regiões ocidentais. Um trabalho estimado em 3 anos com uma equipe de especialistas de alto nível.

A partir de 1805, Ino e a sua equipe mapearam as regiões de Kinki (atual Nara), Chugoli, ilhas Shikoku, Kyushu e a antiga Edo.

No total, Inō Tadataka, passou 17 anos da sua vida dedicando-se a mapear o Japão. Tadataka queria ter participado da expedição ás ilhas Izu, mas a idade avançada não permitiu.

Nos seus últimos anos, dedicou todo o seu esforço para fazer um mapa do Japão com vários outros esboços e mapas de diferentes regiões.

No entanto, o maior cartógrafo e topógrafo do Japão morreu em 1818 sem ver o seu trabalho concluído. Alunos seus concluíram o mapa japonês só em 1821.

O shogunato nunca publicou a obra de Ino Tadataka, no entanto, o seu trabalho foi fundamental durante o período Meiji para a formação e desenvolvimento do país.

Porém, por trás dessa mente brilhante, estudiosos afirmam que ele era um homem extremamente severo e inflexível com outras pessoas. Até os seus filhos foram renegados por ele.

Mesmo assim, o cartógrafo é visto atualmente como um grande exemplo para os cidadãos Séniores do Japão por ter começado a sua segunda carreira aos 55 anos.

De qualquer forma, Ino Tadataka percorreu milhares de Km  por todo o Japão com a mesma disposição de um jovem, sem ajuda de GPS ou qualquer equipamento eletrónico.

O seu trabalho possibilitou ao governo japonês, pela primeira vez, compreender o seu próprio território com um grau de precisão surpreendente.

 


sábado, 12 de fevereiro de 2022

ARMAS DOS SAMURAIS (2)

 


A espada era a alma do samurai. Muito mais que uma simples arma, era a extensão do corpo e da mente. As espadas dos samurais eram finamente forjadas em todos os seus detalhes, desde a ponta, até a curvatura da lâmina eram trabalhadas cuidadosamente. Assim, os samurais virtuosos faziam da sua espada uma filosofia, um caminho para as suas vidas.

A espada não era vista simplesmente como um instrumento capaz de matar, mas como um instrumento capaz também de “dar vidas” no sentido em que era uma auxiliar da justiça.  A espada ultrapassava o seu sentido material, simbolicamente, era como um instrumento capaz de “cortar” as impurezas da mente.

 

Havia ainda uma crença entre os samurais, a de que a espada do samurai, com o passar do tempo, ganhava a “personalidade” do seu manejador. Assim, uma espada acostumada a matar pessoas iria ter a necessidade de sempre matar mais e mais, uma espada acostumada com a justiça, não cometeria atos covardes.

Todos os samurais e ronin tinham um “daishô” nas suas cinturas, eram um par de espadas composto por uma “katana” e uma “wakizashi”. Alguns utilizavam uma faca, mas com um acabamento tão fino quanto o de uma katana, o “tanto”, eram ocultadas no seu kimonos para emergências.

A katana, espada mais longa, com uma lâmina que mede cerca de 60 cm e o cabo cerca de 20 cm, o suficiente para ser empunhada com as 2 mãos. A wakizashi é a espada curta, a lâmina mede cerca de 40 cm, e o seu cabo cerca de 15 cm, para ser empunhada com uma mão apenas.

Mas os ninjas, tinham outra filosofia. As suas armas não eram tão importantes quanto eram para os samurais convencionais, pois eram apenas ferramentas. Além disso, o ninja não tinha treino para se defrontar com inimigos de frente. O seu armamento era mais furtivo.

As lâminas das espadas ninjas eram retas, diferentemente das lâminas das espadas normais. Isso era para que o movimento do golpe não fizesse qualquer ruído e o ocultamento no corpo fosse facilitado.


Uma grande marca registrada dos ninjas eram as shakens (ou shurikens), as famosas “estrelinhas ninja”, popularmente conhecidas. Uma lâmina esférica dos mais variados tipos de formas e muitas vezes decoradas com símbolos, tigres ou seres mitológicos. Os ninjas possuíam uma precisão mortal com os shurikens, alguns chegavam a lançar até 3 de uma só vez. Alguns ninjas também as molhavam com veneno, para que o efeito fosse ainda melhor.

Outra arma muito conhecida no ocidente é o Nunchaku. Veio da China em navios e caravanas. Assim, eram encontrado frequentemente em portos, utilizados por marinheiros. Apesar de bastante simples, o nunchaku é um instrumento terrível. Sabe-se que um nunchaku normal de 2 kg, é capaz de produzir uma pancada com cerca 700 kg de impacto, o suficiente para partir qualquer osso do corpo humano.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

ARMAS DOS SAMURAIS (1)

 

Espadas japonesas são armas que identificamos como dos samurais. Espadas japonesas antigas do período Nara ( chokuto ) tinham uma lâmina reta. No final dos anos 900 surgiu com uma lamina curva tachi, mais tarde pelo uchigatana e, finalmente, a katana.

Os samurais usavam um conjunto de espadas, a espada longa (katana ou tachi, uma espada mais curta, wakizashi e o tanto. Tornaram-se o símbolo do samurai, sendo esta combinação de espadas  referido como um daisho (literalmente “grande e pequeno”).

Durante o período Edo só os samurais foram autorizados a usar um daisho (conjunto de espadas). O yumi (longbow), refletido na arte de kyujutsu (lit. da habilidade do arco) foi uma grande arma dos militares japoneses. O seu uso diminuiu com a introdução do Tanegashima (matchlock japonês) durante o período Sengoku , mas a perícia ainda era praticada, pelo menos, para o desporto.



O yumi, um arco assimétrico feito de bambu , madeira , vime e couro, tinha um alcance efetivo de 50 ou 100 metros. Foi geralmente usado por trás de um tate (escudo de madeira grande), móveis, mas o yumi também poderia ser usado a cavalo devido à sua forma assimétrica. Para além da utilização em campo de batalha, a prática a cavalo tornou-se numa cerimônia xintoísta conhecida como yabusame (um arqueiro cavalo, em corrida, atira três flechas especiais, com o formato de cabeça de nabo, sucessivamente em três alvos).


O Yari (lança japonesa) e naginata eram habitualmente usados pelos samurais. Ashigaru, nome dado aos soldados de infantaria que acompanhavam os samurai nas batalhas, no período feudal do Japão, utilizavam igualmente estas armas. Os ataques, a cavalo ou a pé, tornaram-se mais eficazes com o uso de uma lança em vez de uma espada, contra um samurai usando uma espada.

Tanegashima (matchlock japonês),um tipo de arcabuz, foram introduzidos no Japão em 1543, através do comércio Português. Tanegashima foram produzidos em grande escala por armeiros japoneses, permitindo aos senhores da guerra, treinar exércitos de massas de camponeses. As novas armas foram altamente eficazes, a sua facilidade de uso e eficácia mortal levou à Tanegashima tornando-se a arma de escolha sobre o yumi (proa). Até o final do século XVI, havia mais armas de fogo no Japão do que em muitos países europeus, tendo sido responsáveis por uma mudança nas táticas militares que eventualmente levaram ao estabelecimento do shogunato Tokugawa (período Edo) e o fim à guerra civil. Durante o período Edo, as Tanegashima foram  usadas principalmente para a caça e tiro ao alvo. A intervenção estrangeira em 1800 renovou o interesse pelas armas de fogo, mas a Tanegashima foi ultrapassada por novas armas, compradas por samurais de várias fações a fornecedores europeus.

O ozutsu, canhão do século 16

Os canhões tornaram-se uma parte comum do arsenal do samurai na década de 1570. Foram montados em castelos ou em navios, sendo usado mais como armas antipessoais do que contra paredes do castelo ou algo semelhante, embora no cerco de castelo Nagashino (1575) tenha sido utilizado um canhão com bons resultados contra torres de cerco do inimigo. 

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A FLEXIBILIDADE

 

A flexibilidade aumenta a eficácia dos nossos ataques ou defesas, permitindo um maior alcance nos movimentos das pernas e braços, conseguindo um maior raio de ação, tanto em altura como em profundidade. Estas qualidades conseguem-se, se localizarmos o trabalho de flexibilidade nas zonas da anca e da coluna vertebral, permitindo-nos igualmente, um maior equilíbrio na execução das técnicas, dado que, uma posição inadequada do tronco, durante a sua execução, reduz a sua eficácia.


Assim, com menos flexibilidade, reduzem-se as hipóteses, quer de ataque, quer de defesa. Outro inconveniente é o perigo de lesões musculares e dos tendões. Considerando que a flexibilidade é um fator indispensável para fluidez e agilidade dos movimentos, deve ser praticada assiduamente nos treinos ou em casa.


A flexibilidade, poderá definir-se como a capacidade de realizar amplos percursos articulares, obtidos pela mobilidade articular, a elasticidade muscular (dos músculos antagonistas) e a força muscular (dos músculos agonistas).

Devemos ter em conta que existem vários fatores que a determinam:

A Hereditariedade, nas questões genéticas é importante. A raça asiática possui maior laxidão articular comparando-a com a ocidental. Ou seja, com o mesmo trabalho, conseguem resultados mais rápidos.

A mulher, tem maior viscosidade muscular, permitindo que se adaptem com mais facilidade aos exercícios de flexibilidade.

O homem, desde a sua infância, realiza brincadeiras ou tarefas de força, o que provoca um encurtamento do musculo ao aumentar o tónus muscular, travando o percurso articular. Isto caso não tenha feito, simultaneamente, exercícios de flexibilidade.

Algumas das características físicas femininas: diferem sensivelmente das masculinas.
A diferença de peso entre o homem e a mulher não representa inconveniente de maior na prática das artes marciais, pois é diretamente proporcional à estatura. O elemento peso não entra em linha de conta, por exemplo, na autodefesa, não se tratando de competição, seria absurdo pensar que só se enfrentam adversários de peso idêntico.


Esqueleto: marca uma grande diferença entre o homem e a mulher no que respeita às artes marciais. Com efeito, a estrutura óssea da mulher representa uma desvantagem perante golpes dados segundo as técnicas de Karaté ou de tai-jitsu. As artes marciais visam o desenvolvimento harmonioso do espírito e do corpo e, embora a concentração mental permita suportar alguns choques violentos, há que conjugar movimentos e defesas, evitando as agressões demasiado violentas. O diâmetro das articulações é uma diferença morfológica importante, toda a mulher combatente deverá tomar consciência desse facto. O homem dispõe, de vantagens quanto a chaves (mãos mais volumosas), atemis (impactos mais fortes) e kentos (golpe brusco dado com as saliências das articulações entre o metacarpo e a primeira falange, estando o punho fechado).


Musculatura: depende também do trabalho efetuado a esse nível, sendo possível intervir para modificar um ou outro fator.


Idade: as crianças de tenra idade possuem uma flexibilidade extraordinária devido às características do músculo infantil (grande índice de substância basal) e do osso jovem, que possui uma proporção de matéria orgânica elástica grande. Com o passar dos anos, perde-se a flexibilidade, até que, em idades avançadas, exercícios de grande intensidade nesta área podem ser prejudiciais. Recorde-se que a substância basal do músculo vai decrescendo, o osso adulto, duro e rígido, com um esforço, pode sofrer uma fratura ou luxação. Só um trabalho programado e centrado na puberdade, idade em que começa o declive desta qualidade, poderia prolongar o nível obtido quanto à amplitude articular. Para pessoas de mais idade é aconselhável o sistema de melhoria utilizado no ioga, ou seja, a flexibilidade passiva e estática.


Temperatura ambiente: o frio inibe a flexibilidade e o calor incrementa-a.

Trabalho habitual: a vida sedentária reduz os percursos articulares, um trabalho de força muito intenso, em certo grau, retira a elasticidade à musculatura.

Fadiga muscular: o alongamento ou estiramento muscular está limitado por um elevado tónus muscular e, sobretudo, por contrações musculares provocadas pelo temor à lesão, nervosismo ou irascibilidade. Este fator, tão importante, pode regular-se mediante o relaxamento consciente, acompanhado de um ambiente calmo. Um método prático consiste em concentrar a atenção na respiração, preferivelmente, abdominal, relaxando, por esquecimento, os mecanismos de contração defensivos.

Hora do dia: geralmente, entre as doze e as treze, situa-se o período em que estamos mais flexíveis ou dispostos à flexibilidade, sendo a pior hora a do despertar. À medida que decorre a tarde, a amplitude de movimentos reduz-se, sobretudo, se realizarmos uma atividade física intensa.