sábado, 9 de setembro de 2017

OS AINUS - Ancestrais Caucasianos "Fundadores do Japão"

Nas distantes ilhas japonesas habita ainda hoje um povo cujas características gerais diferem totalmente da raça nipónica.
Os Ainus (a palavra Ainu significa apenas homem) foram um dos primeiros grupos a habitar o Japão, e os únicos povoadores de Hokkaido , pouco mais de cem anos, antes da chegada dos Japoneses ( a maioria dos japoneses descendentes de uma mistura de povos mongóis, malaios e indonésios).
Tendo ainda uma origem incerta, a sua expressão facial, de corte caucasiano, a sua altura, possuindo mais pelos no rosto e no corpo do que a maior parte dos japoneses e a língua (muito diferente do japonês, do coreano e do manchu, que falam os seus vizinhos), fizeram com que os considerem “uma ilha branca” na outra ponta da Ásia.
A colheita, a caça e a pesca, foram os seus meios de subsistência durante séculos.
No Inverno, os homens caçavam veados, ursos e outros animais.
Na Primavera, as mulheres e as crianças recolhiam amoras, verduras, tubérculos e cogumelos.
Durante o Verão, o mar enchia as redes de peixe e o Outono trazia os salmões que subiam os rios.
Na religião, o salmão, o mocho, a baleia assassina e o urso eram sagrados.
O culto do urso ocupava um lugar central na religião Ainu. Durante o mês de Março, os homens partiam à captura de pequenos ursos. Depois de capturados, uma das mulheres do povoado adotava-os como seus filhos, chegando a amamentá-los. Quando chegavam a adultos, matavam-nos, para que as suas almas levassem a mensagem da fidelidade humana aos deuses da montanha. Depois, toda a comunidade dançava à volta dos cadáveres dos ursos, depositando ofertas e comendo a sua carne.
Desde que o Japão iniciou a colonização da ilha de Hokkaido, os Ainus sofreram uma progressiva decadência. O povo Ainu foi obrigado a adotar nomes japoneses, sendo explorado como mão de obra até ao período Meiji.
Em 1860, a população atingia os quarenta mil indivíduos, situando-se atualmente em pouco mais de metade, fruto do cruzamento de raças, com os colonos nipónicos.
É um povo que se diz amargurado, já que o Japão lhe nega a sua especificidade e os livros de história praticamente os ignoram.
Várias associações Ainu lutam para que o governo os reconheça como um povo, para que lhes devolva os direitos de pesca e caça, promovam a sua cultura e seja ensinada a língua Ainu nas escolas públicas. Hoje em dia, os Ainus são difíceis de distinguir dos japoneses que vivem em Hokkaido, expecto quando se reúnem ou se vestem de forma tradicional para alguma celebração.

Muitos dedicam-se a esculpir estatuetas de madeira e outros objetos.
Há várias aldeias como Shiraoi, Kumayama e Akankohan, que tentam manter vivos os tradições dos tempos passados.
Em Shiraoi, habitada por cerca de três mil Ainus, realizam uma festa de danças em redor de um totem, complementadas por atividades tradicionais. Nesta localidade existe um museu, onde os Ainus contam a sua história.

Os primeiros estudos sobre o modo de vida dos Ainus foram efetuados por um inglês de nome John Batchelor (1854-1944), chegou a Hokkaido para pregar o evangelho, em 1879 como missionário da igreja Anglicana . Para o fazer, foi obrigado a aprender a língua local, tendo mais tarde, em 1889, publicado um dicionário Ainu-Inglês-Japonês.
Durante os sessenta anos que com eles viveu, construiu-lhes escolas e proporcionou-lhes cuidados de saúde. Em 1939, quando começou a Segunda Guerra Mundial, foi forçado a sair.

Fotografia de um Ainu tirada há mais de 100 anos. Homem de barba volumosa, usando botas e roupa quente para se proteger do clima gelado de Hokkaido.

Pergaminho do século XVIII - Uma família Ainu
Kayanoshigeru, primeiro deputado japonês de origem Ainu, nasceu em Junho de 1926 e faleceu em Março de 2006, foi uma das mais importantes vozes do mundo em defesa da cultura Ainu, da sua língua, costumes, defendendo os direitos políticos, culturais e humanos para o povo Ainu.

Kayanoshigeru, definia Hokkaido com uma única frase:

- Hokkaido, o país do povo Ainu.


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