KARATE EDUCATIVO E DE COMPETIÇÃO

AS DIFERENÇAS ENTRE O KARATE EDUCATIVO E O DE COMPETIÇÃO

 

Segundo a tradição japonesa, para um samurai que venceu o medo à morte, um atacante perde sentido com a sua conduta, porque um homem que expulsou da sua consciência qualquer ideia agressiva para com outro e, ao mesmo tempo, vive à procura da paz e harmonia com o mundo, já não tem motivos para ter medo de ninguém.

Porém, a um outro guerreiro samurai “que não conhecia mais que o manipulação das armas”, não lhe restava outra alternativa senão treinar-se e superar-se por sua própria conta.

Ao longo da história do Japão, o seu povo reconheceu que a essência do karate e das artes marciais de uma forma geral, repousa no seu espírito. Há numerosos casos de mestres que fracassaram em consequência da sua falta de auto-controle ou perda da sua integridade.

O karate educativo persegue como objetivo principal o desenvolvimento dos valores do karate tradicional.

Recordemos a frase do Mestre Gichin Funakoshi:

“O objetivo final da arte do karate não reside na vitória ou na derrota, mas sim no aperfeiçoamento do carácter dos praticantes”.

KARATE EDUCATIVO	KARATE DE COMPETIÇÃO
Todos ganham	Um ganha
Resultados a longo prazo	Resultados a curto prazo
Toda a vida	Só na juventude
Condição física geral	Condição física específica
É comercial	Não é comercial
Desenvolvimento integral	Desenvolvimento físico
Eu ganho, tu ganhas	Eu ganho, tu perdes
Karate objetivo divertido	Karate objetivo resultados
Participam os pais	Não participam os pais
Recompensa o treino diário	Recompensa o resultado

          

Treino dos Katas e Kion

Porque no mundo das artes marciais, a formação global dos indivíduos é de extrema importância, a relação do aluno com o mestre adquire transcendental importância. O respeito, a confiança e a estima que professam é mútua, chegando a alcançar níveis próprios de um alto grau de maturidade, característico de uma sociedade hierárquica e humana, formando a pedra angular sobre a qual assenta a prática de qualquer arte marcial.

A intuição e a aprendizagem devem apoiar-se mutuamente, marcando o caminho que só com esforço, perseverança, espírito de renúncia, sacrifício, unidas a capacidades físicas e psíquicas se pode progredir nas artes marciais e mesmo na vida; daí a extrema importância do relacionamento entre o aluno e o mestre.

Na formação de um atleta, para a alta competição, é fundamental que a mesma tenha, também e principalmente, um carácter profundamente educativo. Podemos então concluir que o karate educativo e de competição se complementam. Mas atenção! A prática excessiva e mal orientada do Karate de competição poderá ter, como consequência imediata, a perda do espírito marcial inerente à arte e, mais tarde, o abandono definitivo do praticante.

De qualquer forma, todos aqueles que ensinam o Karate deveriam fazê-lo tendo em atenção que na realidade se trata de uma arte marcial e não apenas de um desporto. É um meio extremamente eficaz de defesa pessoal que não deve ser desvirtuado. Só assim é possível manter vivo o espírito das artes marciais.